ATL: “Ainda há falta de infraestruturas para podermos concorrer ao nível das grandes cidades como Madrid e Barcelona”

O turismo da região de Lisboa gerou, direta e indiretamente, 13,7 mil milhões de euros. A conclusão é de um estudo da Deloitte para a Associação Turismo de Lisboa (ATL) que foi apresentado esta segunda-feira, numa sessão em que a Ambitur.pt esteve presente.

Os dados do estudo referem-se a 2017: todo o setor do Turismo foi responsável por 182 mil empregos na região (aumento de 14,3% em relação a 2015), sendo que se estima que a produção total tenha correspondido a 19,7% do PIB nacional.

Os números positivos encontram eco na opinião dos residentes na região. Num inquérito de 2018, realizado pela Intercampus para a ATL, 89% considera o turismo “positivo” e “melhora a imagem da cidade e do país no estrangeiro”, para além de “desenvolver a economia” e do “impacto positivo na maior parte das áreas económicas e na preservação e reabilitação do património”.

Performance do alojamento melhorou em 2017

O cenário traçado pelo estudo indica que o aumento da oferta nas diferentes atividades do setor do Turismo na região foi “notório”. Quando comparado com 2015, o comércio registou, em 2017, mais 448 milhões de euros e a hotelaria e alojamento local mais 353 milhões de euros. Estes dois setores do Turismo representam 59% de toda a produção do Turismo da região. (42,1% e 16,9%, respetivamente). Os restantes 41 % correspondem a atividades culturais e desportivas (17,8%); transportes (14,2%); construção (4,1%) e outras atividades e serviços (4,9%). Em termos de emprego, a nível nacional, a região contribuiu com 14%.

Olhando somente para a cidade de Lisboa, em 2017, o turismo gerou mais de 10 mil milhões e um crescimento de 93 mil postos de trabalho. “Foram mais 20 mil postos de trabalho em dois anos e um aumento económico de 3,5 mil milhões de euros relativos à criação de riqueza”, especificou José Luís Arnaut, presidente adjunto da ATL.

Em destaque neste estudo, o setor da hotelaria e alojamento local registou uma melhoria da performance operacional: entre 2015 e 2017, a taxa de ocupação passou de 71,7% para os 77,5% e o preço por quarto atingiu os 77,7€ quando, há dois anos, era 59,6€. Num cenário mais geral, o setor acompanhou o aumento do número de turistas, apesar de ter sido no alojamento local que o crescimento foi mais acentuado.

“O incremento de geração de riqueza face a 2015 é visível no impacto dos diversos agentes da cadeia de valor da Região”, registou o presidente-adjunto da ATL. Para o responsável, os números são “relevantes na economia da região de Lisboa”, apontando que os mesmos acontecerem “apenas em dois anos”.

“Faltam infraestruturas para concorrer com grandes cidades”

José Luís Arnaut ainda se referiu a outros indicadores como o aumento da população: só na cidade de Lisboa, o aumento da população foi de 0,7% entre 2015 e 2017 e, nestes dois anos, “a cidade apresentou um rejuvenescimento”, tendo sido criados “mais de 20 mil postos de trabalho em dois anos”.

Apesar de no estudo ser referido que grande parte da população considerar que o turismo ajuda na “equiparação de Lisboa a uma das maiores cidades turísticas europeias” o que é certo é que ainda há um caminho a percorrer, através do investimento no setor do alojamento. “Ainda há falta de infraestruturas para podermos concorrer ao nível das grandes cidades como Madrid e Barcelona”, refere o presidente-adjunto da ATL. Apesar do aumento do número de eventos com um grande número de participantes (houve cerca de 330 eventos deste género em Lisboa), José Luís Arnaut sublinha que “não temos capacidade para realizar eventos com mais de cinco ou seis mil pessoas”. Focando esse como um “objetivo a alcançar”, o responsável acredita que é possível “haver um crescimento sustentável neste sentido”.

No entanto, defende que o setor se deve manter “atento” para enfrentar novos desafios e para “criarmos sustentabilidade na atividade turística. A concorrência é muito grande e as adversidades a nível global também o podem ser”, adverte.

O futuro passa pela aposta em “meios de descentralização dos pontos de interesse turístico”, através de maior mobilidade, mas também no “crescimento sustentável” da oferta mas “sem comprometer o nível de qualidade” que caracteriza Lisboa. “Consolidar o setor da hotelaria de luxo” e a criação de “boa regulamentação para o alojamento local e transportes de passageiros em viaturas descaracterizadas” são também alguns dos pontos em que é necessária evolução.

“Foi dado um grande salto”, defende José Luís Arnaut. “Mas agora é necessário gerar mais rentabilidade e riqueza económica e isso não é pela massificação da população,  mas sim pela melhoria das condições e pela consolidação do destino”. O responsável acredita que o “destino vai continuar a crescer mas nós temos que rentabilizar o que temos”.

O patamar de equilíbrio para cidade, região e para os habitantes foi atingido, mas é fundamental “mantê-lo e consolidá-lo”, conclui.