Aviação na era tecnológica: que futuro para a easyJet?

Drones que inspecionam avarias nos aviões, reconhecimento facial para evitar longas filas nos aeroportos, entretenimento a bordo – estas são algumas das inovações possibilitadas pela tecnologia num cenário do futuro. Num dia aberto, a easyJet anunciou recentemente uma série de inovações tecnológicas que se destinam a melhorar a experiência de voo.

“No futuro, vamos tornar as viagens mais fáceis e simples”, afirmou o diretor de comunicação da easyJet, Paul Moore, em entrevista à Ambitur, durante o Dia da Inovação da companhia, realizado num dos hangares do aeroporto de Gatewick, em Londres. Ao mesmo tempo, prossegue, pretendem dar passos para “reduzir o impacto no ambiente”.

Para já, nas operações em Gatwick, a easyJet irá substituir os veículos a diesel por reboques elétricos para reduzir significativamente as emissões no aeroporto. A este avanço, juntar-se-à um sistema de táxi silencioso com zero emissões para as aeronaves, através de uma parceria com a Safran.

Anualmente, 4% do consumo total da companhia é utilizado pelos aviões quando estão em movimento no solo. O objetivo é que, no futuro, as poupanças rondem as cerca de 55 mil toneladas de combustível e emissões CO2 em toda a frota de 279 aviões.

No evento, onde foram reveladas muitas novidades, a easyJet anunciou que vai ter, a partir deste outono, um serviço gratuito de entretenimento a bordo com filmes e séries, jogos e áudiolivros. Chama-se Air Time e a ideia é que, pela primeira vez, os passageiros possam “consumir entretenimento de uma forma que replica como o fazem em casa”, explica Dan Young, diretor do departamento de App’s e Digital Travel da easyJet.

Os conteúdos vão estar disponíveis em vários idiomas – inglês, alemão, francês, italiano e espanhol -, embora o português não tenha sido avançado. O serviço – criado em parceria com a Rakuten e a Immlfy – será testado em cinco aviões para voos de curta duração com base em Genebra, na Suiça, para depois alargar ao resto da frota. Já o Wi-Fi a bordo, que mais tarde ou mais cedo vai acontecer, não está nos planos para breve.

Outra das novidades: a easyJet pretende utilizar óculos de realidade virtual para complementar a formação dos tripulantes de cabine. A tecnologia permitirá navegar virtualmente pelo interior de um avião e, ainda, praticar a interação com os passageiros. Como acontece há já alguns anos, a easyJet irá melhorar a aplicação para smartphones. O processo é simples: através da app móvel, o utilizador poderá aceder a detalhes sobre o voo, fazer check-in, saber o tempo de deslocação até à porta de embarque ou, por exemplo, o restaurante mais próximo de si.

Ainda no início, começa-se a perceber uma tendência para o uso do reconhecimento facial nos aeroportos. Desta vez, o mesmo objetivo é apresentado pela transportadora, que quer ter pontos automáticos de entrega de bagagem de porão.

A easyJet aproveitou também a ocasião para anunciar que os drones – desenvolvidos pela Blue Bear e a Createc – vão começar a ser utilizados para diagnosticar avarias nas aeronaves. Através do recurso a inteligência artificial, prevê-se que possam evitar falhas e atrasos nos voos.

Para Gary Smith, responsável de engenharia da companhia, em declarações à Ambitur, a mão-de-obra, que poderia acabar por tornar-se obsoleta, irá beneficiar deste avanço informático. Questionado sobre os períodos de tempo de análise da aeronave, o engenheiro evita comparações já que “depende da complexidade do problema”, embora adiante serem “drásticamente mais curtos”. Futuramente, a companhia quer construir um repositório com os dados recolhidos, colocando-os à disposição dos profissionais.

Outra das soluções possibilidades pela tecnologia são as impressões 3D, já utilizadas pela easyJet para imprimir peças metálicas em titânio, substituindo-as depois nas cabines.

Aviões movidos a energia
Em 10 anos, a transportadora planeia introduzir na sua frota aviões elétricos para voos comerciais de curta duração, produzidos pela norte-americana Wright Electric, informou o diretor de comunicação da easyJet.

Durante a apresentação, Jeffrey Engler, co-fundador da Wright Electric, congratulouse pela parceria, que visa dar passos na construção de uma indústria [de aviação] mais sustentável, reduzindo emissões, ruído e consumo de combustível. “A eletricidade é menos dispendiosa e muito mais estável”, garantiu.

Também o diretor de comunicação da easyJet afirmou estar “inspirado pelo futuro e entusiasmado por fazer parte dele”. Desde 2000, as emissões da easyJet reduziram 31%, de 116.2 gramas para 79.98 gramas por quilómetro de passageiro em 2016. O objetivo é reduzir para 72 gramas de carbono até 2022, o que significaria uma descida de 10% face ao desempenho atual e de 38% desde 2000.

*A Ambitur esteve no Dia da Inovação da easyJet, em Londres, a convite da easyJet