“Back to basics” é fundamental no setor da hospitalidade

Inovar é uma das palavras de ordem no setor, no entanto nem tudo é tecnologia. Chitra Stern, Gonçalo Rebelo de Almeida e Rodrigo Machaz deram o mote na conferência ‘Tourism day’, um evento organizado pela Beta-i, apoiado pelo Turismo de Portugal e pelo Airbnb.

O arranque do painel dedicado à inovação no setor da hospitalidade foi dado por Chitra Stern, administradora do Martinhal Hotels & Resorts, que assegurou que as bases do setor hoteleiro continuam as mesmas. “A hospitalidade é um setor em que temos que tomar conta das pessoas. E as bases continuam as mesmas, o que mudou é a maneira como as pessoas chegam até nós e como nos descobrem”. No entanto “não nos podemos esquecer das bases e é também por isso que Portugal é muito reconhecido pela sua hospitalidade. E penso que esta é uma das razões para, que uma vez descoberto, se torne um maravilhoso destino para estar”.

Sobre a inovação a responsável inglesa também é peremptória: “acredito que a inovação é um ato continuo e por vezes não está só ligada à tecnologia. Não descarto o uso e apetência da tecnologia, mas temos que pensar em inovar, todos os dias e em todas os setores de atividade, não só na hospitalidade, porque todos os dias temos novos eventos que alteram a nossa vida.”

Chitra Stern deu como exemplo a recente decisão do Reino Unido, que em referendo decidiu a sua saída da União Europeia: “Infelizmente o meu país decidiu, de repente, sair da União Europeia, e este género de eventos tem grandes impactos, por isso temos que estar muito predispostos a inovar dia sim, dia não”.

 “Primeiro passo é conhecer o consumidor”

Na visão de Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do grupo Vila Galé, a inovação é um processo simples, que passa por nos concentramos em repensar os nossos processos, de serviço, de produto. “Há sempre passos que podemos dar para melhorar. Nada está fechado. Desde as vendas, à distribuição, ao housekeeping até repensar as áreas de restauração, todos os processos podem ser repensados”.

No entanto, o profissional considera que o primeiro passo a dar é “é conhecer o cliente, entender as suas expetativas e necessidades e desenvolver produtos para eles”.

Para Gonçalo Rebelo de Almeida “nem tudo é tecnologia, acredito que a maior parte das experiências advém de serviços prestados ao cliente e a maior parte deles não tem qualquer tecnologia envolvida no processo”.

Lado autêntico do destino

Rodrigo Machaz, o homem forte da Memmo Hotels, contou ontem no Mercado da Ribeira, à plateia com mais de duzentos participantes, a génese do projecto do Memmo Hotels.

O projeto surgiu em Sagres com um brand ligado às memórias, “porque de facto é o que se procura quando se viaja e se quer conhecer a cultura local”. O profissional revelou que quando olha para um projeto analisa muito o potencial do destino, para que possa criar boas memórias aos nossos clientes, “porque não queremos construir uma cadeia de hotéis, mas uma colecção de hotéis, são todos diferentes entre si, no fundo queremos algo autêntico e Portugal tem muito potencial para isso”.

Depois do Algarve o grupo Memmo Hotels, apostou em Lisboa, em Alfama, “num bairro que há seis anos não era tão concorrido como é agora, tudo mudou rapidamente, mas tentamos mostrar uma faceta de Lisboa diferente, mais autêntica”.