“Baixar os preços é o maior erro porque o potencial de Portugal enquanto destino turístico continua cá”

A marca “Portugal” está a ser “tema” internacional e os motivos não podiam ser os melhores. Mas ao Turismo de Portugal colocam-se várias questões, desde como está a marca ou como esta pode ser potenciada, a como o país pode sair mais forte desta crise.  

“Tudo o que nós tínhamos continua cá”. A afirmação foi feita pelo presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, no ciclo de conferência da Nova School of Business & Economics (Nova SBE) que se debruçou sobre o tema “E agora? Turismo: a reinvenção de um setor”. É certo que o “receio de viajar” é uma realidade e que as empresas estão com “baixa confiança” na retoma e com “quebras na cadeia de valor: é uma situação que afeta todos os destinos. Há uma interdependência de todos com velocidades diferentes na retoma”, afirma o dirigente.

Os dados relativos ao fortalecimento da marca dizem que o “setor mais afetado vê agora a sua marca sair numa ótica de valorização”, refere o responsável, salientando que as medidas implementadas do ponto de vista sanitário pela Direção Geral da Saúde (DGS), o apoio que foi dado às empresas, o “respeito” e a maneira como foi controlada a situação foi “positivo e alvo de elogios internacionais”. Além disso, a concordância entre “públicos e privados” e os setores “político e social” sobre aquilo que era preciso fazer para “recuperar e retomar”, associado a uma comunicação que tem sido “factual, tática, diferente e emocional” são a prova de como “estamos a transmitir a mensagem de que estamos a preparar o futuro”, refere. 

E que futuro será esse? Luís Araújo acredita que o “Clean & Safe” é a base sobre aquilo que tem de ser essa nova fase: “Responsabilização de todos”. A retoma obriga a uma “responsabilização”, não só do setor público mas também das empresas que “têm de fazer a sua parte”, garantindo “segurança e confiança” aos consumidores. Mas estes também têm de ser abrangidos por esta responsabilização no sentido de “saberem como é que se devem comportar numa situação anómala e passageira”, acrescenta.

Definida em 2017, a estratégia para o futuro do turismo tem sido reforçada pelos setores público e privado relativamente àquilo que é importante para o futuro do país, como a  “aposta no território, a diversificação territorial, sustentabilidade” ou “trazer clientes de maior valor acrescentado”, exemplifica o responsável. O atual momento pede “ajustamentos a curto prazo” nesta estratégia, trazendo à discussão a questão vital da “conetividade”: “A situação com as companhias aéreas não é fácil e temos de estar juntos para repor o máximo que pudermos e o mais rápido que conseguirmos”, acredita o dirigente.

Relativamente ao facto de outros setores poderem aproveitar esta imagem que tem sido transmitida internacionalmente, Luís Araújo afirma que, nos últimos anos, “temos visto muitas sinergias positivas” ao nível da saúde, referindo que o “Portugal Health Passport” será retomado mas agora a nível internacional: “Agora, faz sentido”, diz o presidente do Turismo de Portugal, que acredita que a posição de Portugal é um forte motivo para que a retoma não só seja rápida como assim o seja “para todos”.

Temos que ser mais rápidos, simples e velozes”

“Juntos e depressa”. É assim que Luís Araújo acredita que deve ser feita a saída da crise do ponto de vista empresarial. No entanto, isto pode provocar uma “aceleração” de uma “morte lenta” para algumas empresas ou “uma adaptação e uma transformação” para outras. Dos webinars e conferências que têm vindo a ser realizados, o dirigente afirma que os empresários “estão muito atentos e sedentos de aprendizagem” para implementar novas técnicas. “Tudo aquilo que tem de ser feito são apostas estruturais e nunca conjunturais”, diz, exemplificando que “baixar o preço é o maior erro”, até porque o “potencial de Portugal enquanto destino turístico continua cá”. Também a “aposta na formação, na diversificação, na comunicação e venda e na eficiência das empresas” são outros reforços que devem ser tidos em conta. A lição desta crise é para o futuro: “Temos que ser mais rápidos, simples e velozes”, remata.