Barómetro ANAV: Portugueses gastam menos nas férias de final do ano face a 2024
A ANAV – Associação Nacional de Agências de Viagens e a Universidade Europeia acabam de divulgar as principais conclusões do barómetro referente às preferências/tendências das férias dos portugueses no Natal e Passagem de Ano. O estudo baseia-se nas informações recolhidas junto das agências de viagens associadas e os dados permitem identificar as prioridades que orientam a procura turística nesta época do ano.
Preferências de destino e tendências sazonais
- O calor e a Madeira a par do Natal europeu: O Brasil (18%) é o único destino acima das capitais europeias (16%) em termos de preferência dos portugueses, mas Cabo Verde (15%) e a Madeira (15%) continuam a ser eleitos por muitos viajantes nesta altura do ano.
- Mercados de Natal destacam-se ao nível da procura: 49% dos inquiridos indicam os mercadinhos de Natal como a principal motivação para viajar nesta época do ano.
- Praia continua relevante, mas perde prioridade sazonal: praia e clima quente ocupam a 2ª posição com 25% das preferências. Mantêm peso expressivo entre famílias e casais, embora abaixo das viagens temáticas de inverno.
- Segurança do destino ganha importância: a segurança surge como 3ª motivação e assume papel especialmente relevante para viajantes seniores, o que reforça a importância de destinos politicamente estáveis e fiáveis.
Critérios de decisão e comportamento económico
- Relação preço-qualidade mantém posição central nas escolhas: 82% dos inquiridos indicam a relação preço-qualidade como a principal razão para decidirem um programa de férias. Este resultado revela um consumidor atento ao valor real das propostas e habituado a comparar alternativas antes de tomar decisões. A confiança na agência, o tempo total da viagem ou a possibilidade de personalização surgem com menor expressão.
- Maior prudência nos gastos: Cerca de 43% dos clientes destinam entre 1 201€ e 2 000€ por pessoa nas suas férias e mais de 25% ultrapassa os 2 000€. Esta distribuição mostra um mercado disposto a pagar por qualidade, mas sensível à conjuntura económica. Apesar do nível de despesa, verifica-se contenção no orçamento das famílias refletida numa redução do valor gasto em comparação com o ano anterior. Cerca de 43% das agências referem que os seus clientes gastaram menos do que em 2024 e apenas 24% registou um aumento no gasto com viagens.
Miguel Quintas, presidente da ANAV, esclarece: “A tendência indica maior prudência financeira, embora sem afastamento da intenção de viajar. As viagens mantêm-se, mas os clientes analisam mais cuidadosamente o que cada programa inclui e quanto representa no orçamento familiar”.
Perfis e hábitos dos viajantes portugueses
- Mercado dominado por adultos em idade ativa: 89% dos clientes situam-se entre os 35 e os 64 anos, o que revela um segmento com estabilidade financeira.
- Reservas efetuadas com antecedência: 61% das reservas são feitas 3 meses ou mais antes da viagem. Este padrão confirma um mercado maduro e organizado, com forte tendência para planear e comparar opções antes da decisão final.
- Famílias continuam a liderar a procura: As famílias representam 60% dos clientes. Os restantes segmentos, como clientes individuais, seniores e grupos de amigos, surgem em proporções equilibradas, mas com peso inferior. O domínio das famílias ajuda a explicar a procura por destinos seguros, experiências organizadas e relação preço-qualidade evidente.
“Os resultados revelam um mercado ponderado, informado e sensível ao valor das propostas. Os viajantes procuram qualidade, flexibilidade e autenticidade, sem ultrapassar o orçamento familiar. As agências que apresentarem propostas claras, bem segmentadas e com valor evidente estarão mais bem posicionadas para responder às necessidades de 2026. Entre as prioridades recomendadas destacam-se diversificação da oferta, reforço da comunicação do valor das experiências, integração de produtos sazonais bem estruturados, atenção especial à segurança do destino para públicos mais vulneráveis”, considera Miguel Quintas.
E conclui o responsável: “Estas tendências acompanham também a evolução observada noutros mercados europeus, nos quais se verificou um aumento da procura por destinos seguros, produtos temáticos e experiências culturais ao longo de 2024 e 2025”.