Barómetro IPDT: Níveis de confiança mantêm-se no 2º valor mais elevado de sempre no 4º trimestre

O IPDT acaba de lançar a 75.ª edição do Barómetro do Turismo, dando especial atenção às perspetivas para o 1.º semestre de 2026 e à quadra natalícia de 2025, e analisando os principais mercados emissores e destinos concorrentes.

Os resultados evidenciam a estabilidade nos fluxos turísticos, mas também uma crescente exigência dos profissionais para que o setor continue a evoluir de forma sustentada, inovadora e com capacidade de diferenciação face à concorrência.

Confiança permanece em níveis históricos

O nível de confiança no setor do turismo fixou-se nos 83,2 pontos em outubro de 2025, mantendo-se estável face à edição anterior. Este é o 2.º valor mais elevado de sempre registado num 4.º trimestre, desde o início da série histórica do Barómetro do Turismo do IPDT, em 2010, apenas superado pelos 83,3 pontos obtidos em dezembro de 2016.

Este resultado reflete a maturidade, robustez e atratividade continuada do setor. A estabilidade económica, a valorização da hospitalidade portuguesa e o crescente reconhecimento internacional do destino contribuem para este sentimento positivo.

Jorge Costa, presidente do IPDT, indica que “este valor, o segundo mais elevado da série histórica, resulta da combinação de uma procura externa robusta, da crescente sofisticação da oferta e da capacidade dos destinos nacionais em se posicionarem com propostas de valor diferenciadoras, mesmo num contexto competitivo altamente volátil”.

Contudo, os comentários dos profissionais apontam preocupações estruturais que não podem ser ignoradas, com destaque para:

• O crescimento acelerado da oferta, sobretudo em Lisboa e Porto, que poderá não encontrar correspondência na procura durante a época baixa;
• A crescente perceção de insegurança em áreas urbanas e a falta de resposta na operação aeroportuária, com particular incidência no aeroporto de Lisboa;
• O risco de perda de rentabilidade dos projetos hoteleiros, face ao aumento da capacidade instalada.

Apesar destes alertas, o sentimento global permanece confiante, num contexto que exige planeamento estratégico e maior coordenação pública e privada, para garantir a sustentabilidade e competitividade do setor a médio e longo prazo.

Previsões para o 1.º semestre de 2026 apontam para crescimento

As perspetivas dos profissionais do turismo para o primeiro semestre de 2026 são maioritariamente positivas, refletindo a manutenção de um clima de confiança e otimismo em relação à atividade do setor. Jorge Costa refere mesmo que estas expectativas “indicam um comportamento maduro do mercado”. O destaque vai para a expectativa de uma redução da carga fiscal (-12 pontos), apontada como a principal mudança face ao mesmo período do ano anterior.

Entre os indicadores com previsões mais favoráveis encontram-se o investimento privado (44 pontos), a atividade do turismo (43 pontos) e a procura turística externa (37 pontos) e interna (26 pontos), confirmando a solidez da dinâmica atual. Os profissionais esperam também um crescimento do número de pessoas empregadas (30 pontos).

Apesar deste cenário positivo, subsistem sinais de alguma cautela, nomeadamente em relação à rentabilidade das empresas (2 pontos), que se mantém nos mesmos níveis de 2025, e ao ligeiro aumento previsto do endividamento (12 pontos), que poderá estar associado à intensificação dos investimentos em curso no setor.

Natal e Fim de Ano de 2025 com estabilidade e valorização

O mercado interno deverá manter, na quadra natalícia de 2025, níveis de desempenho muito próximos dos verificados no mesmo período de 2024. A maioria dos profissionais antecipa estabilidade no número de turistas (51%) e no número de dormidas (50%), o que confirma a consolidação do turismo nacional como uma escolha sólida para as deslocações dos residentes nesta época festiva.

O maior sinal de otimismo surge nas receitas, com 47% dos respondentes a projetarem um crescimento face a 2024, refletindo uma expectativa de maior valorização da oferta e de uma gestão mais eficaz da ocupação e do pricing por parte dos operadores turísticos.

As previsões dos profissionais para o Natal e o Fim de Ano de 2025 apontam para um ligeiro crescimento nos indicadores de número de turistas (40%) e dormidas (41%) no mercado externo, face ao mesmo período do ano anterior.

O destaque vai, no entanto, para as receitas, onde 48% dos respondentes antecipam um aumento, refletindo a confiança numa maior capacidade de despesa por parte dos turistas internacionais e numa oferta mais valorizada. Este dado reforça a relevância do mercado externo como motor económico para o setor, mesmo em períodos de menor sazonalidade.

Estas projeções sustentam-se na solidez da atratividade internacional de Portugal, beneficiando da reputação do país como destino seguro, acolhedor e com propostas diferenciadoras para a época festiva.

Mercados internacionais mantêm-se estratégicos na quadra natalícia

As projeções dos profissionais do setor turístico para o período de Natal e fim de ano de 2025 apontam para uma forte concentração da procura internacional em cinco mercados principais: Espanha (89%), Reino Unido (80%), França (64%), Estados Unidos da América (61%) e Alemanha (50%).

Estes resultados confirmam a relevância dos mercados europeus de proximidade, com destaque para a liderança expressiva de Espanha, e reforçam a consolidação dos EUA como um mercado estratégico de longo curso, com um contributo crescente para o desempenho do turismo nacional nesta quadra festiva.
Apesar de menos expressivos, mercados como Brasil (45%) e Países Baixos (30%) mantêm-se relevantes, seguidos por Irlanda, Canadá e Itália, que surgem como mercados complementares com margens de crescimento.

O presidente do IPDT sublinha que “Portugal está a conseguir transformar notoriedade em atratividade, e atratividade em conversão turística. Este será o desafio da próxima década”.

Principais concorrentes de Portugal no Natal e Fim de Ano 2025

Os resultados da edição 75 do Barómetro do Turismo IPDT mostram que os profissionais do setor identificam claramente três destinos como os principais concorrentes de Portugal na captação de turistas internacionais durante a quadra natalícia e de final de ano: Espanha (91%), Itália (59%) e Grécia (48%).

A presença de Marrocos (34%) e da Turquia (30%) também são dignas de nota, assumindo-se como destinos que tem vindo a ganhar tração em termos de captação de fluxos turísticos no inverno. Destinos como Tunísia, Egipto e Chipre, embora menos mencionados, são também players relevantes em segmentos específicos.

Jorge Costa sublinha que “Portugal tem de encontrar o seu posicionamento singular neste campo, aproveitando o fator clima, mas diferenciando-se também na proposta cultural e de hospitalidade”.