BdP considera que falência da Thomas Cook deve-se a sucesso das plataformas digitais

O governador do Banco de Portugal (BdP) considerou ontem que a falência do operador turístico britânico Thomas Cook é a “demonstração do sucesso” das atuais plataformas digitais de marcação de voos, hotéis e carros de aluguer. “A falência da Thomas Cook é a demonstração do sucesso do booking e de todas as outras plataformas que ocuparam o espaço que, anteriormente, era ocupado por eles [agências de viagens]. Hoje, quem trabalha com agências é, basicamente, o setor do corporate”, disse Carlos Costa, citado pela agência Lusa.

O governador do BdP falava durante o seminário “Qualidade da Gestão, Governação e Produtividade da Economia”, promovida pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto.

Carlos Costa explicou que as agências de viagens viviam da prestação de serviços que assentavam na dificuldade do cliente em aceder à informação e em marcar um hotel, um voo ou um carro, acrescentando que essa dificuldade dava lugar a um mercado que hoje desapareceu. “Ninguém vai hoje a uma agência de viagens a não ser que tenha um serviço adicional”, referiu.

Carlos Costa vincou que, atualmente, passou-se de um “modelo de compra de serviços” para um “modelo do it yourself”.

Na sua opinião, a falência da Thomas Cook é um caso típico de um modelo de negócios que colapsa por não ter antecipado o impacto das plataformas digitais na prestação deste tipo de serviços. O governador do BdP disse ainda que esta é a “demonstração do risco” que alguém correu por não perceber a influência que aquelas iriam ter.