Bernardo Trindade: “Tem que haver um compromisso da indústria hoteleira”

Foi no âmbito da THS Week – Tourism Hospitality,Sports, que decorreu recentemente na Universidade Europeia, no painel sobre “O Futuro da Distribuição”, que uma questão da plateia sobre os preços baixos praticados no turismo nacional face a outros países europeus levou o tema à hotelaria da Avenida da Liberdade.Para Bernardo Trindade, Project Director para Portugal e Europa no grupo hoteleiro Porto Bay, e ex-secretário de Estado do Turismo, há sobre a indústria do turismo nacional factores que têm de ser trabalhados continuamente. “A indústria do turismo, sendo de serviços e tendo um percurso na sociedade portuguesa recente, com excepção da Madeira, precisa de seguir o seu caminho, e sobretudo, no quadro dos agentes com capacidade decisória do país, têm no fundo que pensar quem são os contribuintes para esta lógica tão importante, que é a lógica do crescimento da economia, e qual a nossa capacidade exportadora de colocar bens transaccionáveis no exterior que permita pagar a nossa dívida”. O responsável lembra então que o turismo lidera essa dinâmica, sendo a principal actividade exportadora de serviços do nosso país, responsável por 40%, representando 11% da riqueza directa e indirecta gerada e 10% do emprego.Como podemos então singrar, questionou o responsável? Para Bernardo Trindade, podemos ter projectos hoteleiros com assinatura, mas se não se olhar à procura e se não se perceber o cliente, o consumidor final, operador turístico internacional e agente de viagens – no fundo quem olha para nós do ponto de vista de quais são as suas necessidades – se esse aspecto não estiver integrado na proposta de valor, o projecto de arquitectura tem a mais-valia que tem e nada mais. Para o responsável “se eu não atender à procura não terei ocupação e aquele projecto que era muito bem pensado, muito vocacionado, fortemente escrutinado pela banca, o que é facto é que perdeu, perdeu competitividade”. Sendo assim, numa primeira fase, o orador considera que “a questão da convocatória geral em termos das actividades dominantes é algo que deve no fundo estar presente não só nos nossos políticos partidários mas em todos os políticos com vocação para decidir”.Seguidamente, o responsável do Grupo Porto Bay exemplificou e abordou a questão da temática do preço baixo, deixando um desafio aos hoteleiros nacionais. “O meu grupo está a construir na Avenida da Liberdade. Estamos a finalizar a construção e tivemos oportunidade de ver o nosso set competitivo. Olhar para as diversas unidades hoteleiras que estão na Avenida da Liberdade e perceber os preços médios. De facto, é de bradar aos céus”, indica o responsável. Bernardo Trindade vai ainda mais longe referindo que “quando comparo os preços médios da Avenida da Liberdade, o nosso ponto de referência no país, onde provavelmente todas as grandes lojas querem estar e estarão, quando comparo com realidades como as Rambolas, em Barcelona, ou com as avenidas em grandes cidades como Roma, Paris, Londres ou Madrid, percebo claramente que tem que haver aqui um compromisso da indústria hoteleira no sentido de fazer esse reposicionamento e no fundo responder ao desafio do preço baixo praticado em Portugal”.Para o responsável, a actividade turística tem de assumir e ter sempre presente aquelas que são as dinâmicas da procura e aquilo que são as tendências em termos internacionais. “Felizmente temos casos no país que acompanham isso com grande competência e têm tido resultados”, concluiu. Por Pedro Chenrim