Boeing reitera “total confiança” no 737 MAX mas apoia suspensão de voos

A companhia aeronáutica norte-americana Boeing anunciou que continua a ter “total confiança na segurança dos 737 MAX”, mas que as autoridades dos Estados Unidos lhe “recomendaram” a suspensão temporária de toda a frota desses aparelhos.

Segundo um comunicado da empresa, a decisão de suspender os voos dos 737 MAX – na sequência da queda de um dos aparelhos no domingo na Etiópia, que fez 157 mortos – foi tomada depois de consultar a Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês) e a Associação Nacional de Segurança nos Transportes. A Boeing acrescentou que esta é uma medida “de precaução, para tranquilizar todos os passageiros sobre a segurança da aeronave”.

O comunicado da empresa foi divulgado minutos após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado a suspensão dos voos dos modelos 737 MAX 8 e 9. Na Casa Branca, Trump assegurou à imprensa: “Todos esses aviões serão imobilizados com efeito imediato”, uma medida que provocou uma nova queda da Boeing na bolsa.

“Estamos a apoiar este passo proativo com uma grande dose de precaução. A segurança é um valor fundamental da Boeing desde que começámos a construir aviões e sê-lo-á sempre”, afirmou o presidente e administrador-delegado da companhia, Dennis Milenberg. Além disso, o responsável máximo da empresa assegurou estar a trabalhar para “entender as causas do acidente em colaboração com os investigadores”, para evitar que um caso semelhante volte a acontecer.

Na sequência do acidente,que ocorreu domingo de manhã poucos minutos do avião ter descolado de Adis Abeba com destino a Nairobi, a Agência Europeia de Segurança Aérea (EASA) proibiu na terça-feira o modelo 737 MAX 8 de operar no continente europeu, juntando-se a 20 países e 30 companhias aéreas de todo o mundo que suspenderam os voos com esses aparelhos.

Duas horas antes do anúncio de Trump, também o Canadá decidiu suspender “de forma imediata” os voos dos aviões Boeing 737 MAX 8 e 9 no seu espaço aéreo, depois de ter recebido “nova informação hoje de manhã”, indicou o ministro dos Transportes canadiano, Marc Garneau.

As duas caixas negras do avião Boeing 737 MAX 8 da Ethiopian Airlines serão analisadas em França, indicou o organismo francês de Investigação de Acidentes Aéreos (BEA). Na rede social Twitter, o BEA precisou que as autoridades etíopes pediram a sua ajuda para examinar esses aparelhos que registam a atividade dos instrumentos do avião e as conversas da tripulação.

A queda deste avião ocorreu depois de, em outubro do ano passado, outro Boeing 737 MAX 8, da companhia Lion Air, se ter despenhado na Indonésia, 12 minutos após a descolagem, segundo uma das caixas negras devido a falha no sistema automático, causando 189 mortos.