Boot Düsseldorf: Açores “precisam do efeito multiplicador do turismo”

O arquipélago do Açores também rumou a Düsseldorf, na Alemanha. A Boot, a maior feira mundial de Turismo Náutico, ainda está a decorrer e termina no dia 27 janeiro. São nove dias de feira e, na Messe Düsseldorf, são esperados mais de 250 mil visitantes. Este ano, o evento assinala 50 anos e conta com dois mil expositores espalhados por 17 pavilhões.

Foi no Pavilhão de Mergulho que a Ambitur.pt encontrou o espaço dos Açores. Desde os anos 90 do século XX que a região autónoma marca presença neste evento. Quem o diz é Eduardo Elias, gestor de produto dos Açores. “Começámos apenas com um stand e hoje estamos com dois: um relativamente ao mergulho e o outro ao turismo e aluguer de embarcações à vela”, explica.

O mercado alemão é “neste momento o mercado internacional mais importante”. O facto de o arquipélago ter “ligações diretas” com a Alemanha, “ainda o torna mais aliciante”, acrescenta o gestor, que descreve o mercado germânico como tendo “muito interesse pela natureza e pelas atividades envolventes” e sendo muito “fiel”, isto é, “visita os Açores durante todo o ano. É muito importante para atenuar a sazonalidade”, justifica.

Embora alguns produtos produzidos na região já se comecem a afirmar, Eduardo Elias considera que os Açores “precisam do efeito multiplicador do turismo. Conseguimos realizar tudo aquilo que produzimos na região e acrescentar valor ao produto”, indica. Os vinhos são exemplo disso. O gestor considera que os alemães são “bons apreciadores” e são “também, a esse nível, um bom consumidor”, o que resulta “num interessante contributo para a economia regional”, acrescenta. Apesar de o consumo ter um impacto positivo na economia açoriana, nos últimos tempos tem-se registado um “decréscimo na procura pela hotelaria tradicional”. Eduardo Elias considera que “o crescimento exponencial do alojamento local” no arquipélago pode ter sido “responsável por uma parte significativa” desse resultado. No entanto, para o gestor, a fórmula continua a ser simples: “Se nós conseguirmos consumir localmente o nosso peixe, é um valor acrescentado para o pescador que já não necessita de exportar e estar sujeito a todas as regras de exportação”.

Boot Düsseldorf é um evento que reúne muitos profissionais do Turismo Náutico mas não só. Segundo o responsável, os operadores têm manifestado “muita satisfação com os contactos que têm feito”. Ao longo dos anos, o gestor tem vindo a perceber que o consumidor alemão “prepara as férias a dois anos de distância”. Por isso, “os contactos que são feitos hoje” podem ter “efeito daqui a dois anos”. Durante estes dias, os alemães que visitam o stand dos Açores também vêm “confirmar se é possível tudo aquilo que tencionam visitar e fazer (este ano)”, explica.

Das várias atividades relacionadas com o Turismo Náutico, e que os Açores têm para oferecer, Eduardo Elias destaca a “observação de cetáceos”, onde podem ser “vistas mais de 25 variedades das 80 espécies mundiais”. Neste ponto, os alemães estão “apenas a quatro horas de distância”. Outras, que hoje começam a ser “muito importantes para os Açores”, são o “stand up paddle, o surf” e o “aluguer de embarcações com ou sem skipper. Aqui na feira, tem havido muitos bons negócios”, conclui.