“Desde 2010 que o mercado brasileiro não tem parado de crescer no que ao destino Alentejo diz respeito, tendo ocupado durante toda a corrente década lugar no TOP 5 dos mercados internacionais mais importantes para o Alentejo”, frisa Vítor Silva, presidente da Agência de Promoção Turística do Alentejo. Apesar de ter ritmos diferenciados, este mercado tem evidenciado um crescimento contínuo, sendo que se em 2010 aumentou 31,7%, em 2015 cresceu 40,8%, e em 2017 cerca de 25,1%. No primeiro semestre de 2018, os dados adiantados à Ambitur falam de um crescimento de 15%.
Traçando um perfil do turista que procura esta região, o responsável refere que vem em busca da história, do património – com destaque para castelos, igrejas, conventos e espaços museológicos – e ainda da “nossa rica gastronomia e vinhos”. Destinos como Évora, Marvão e Monsaraz surgem assim à cabeça das preferências. O número de jovens casais também começa a ser expressivo, e aí o leque de motivações é mais ampliado, encontrando produtos associados ao litoral e a atividade como o surf.
Consciente de que o atual contexto económico e político do Brasil poderá não ser o mais favorável, Vítor Silva defende porém que, “se analisarmos o histórico, facilmente reconheceremos que nos momentos de crise económica mais aguda no Brasil o crescimento deste mercado se fez com valores modestos, bem diferentes dos registados nos momentos em que imperou uma situação mais tranquila e de expectativa positiva face ao futuro”. Por isso não hesita em afirmar: “Poderá haver menos brasileiros a viajar, mas dos que viajam seguramente uma percentagem interessante irá escolher Portugal e o Alentejo como um dos destinos a visitar”.
O responsável pela Agência de Promoção Turística do Alentejo acredita que as classes mais abastadas do Brasil vão continuar a viajar e a destacar-se enquanto turistas. Por um lado por que “são turistas que nos procuram em contraciclo com os demais mercados, visitando a região em meses em que outros apresentam uma procura mais contida, ajudando assim a diminuir a sazonalidade da procura”. Além disso, revelam um elevado padrão de consumo, tendo um gasto médio bastante superior aos turistas de outros mercados. Finalmente, a dimensão populacional deste mercado faz com que o número de potenciais turistas seja muito considerável, ainda que as viagens apenas estejam ao alcance das camadas mais abastadas.
Por outro lado, Vítor Silva não nega que um dos constrangimentos com que a região e o país se tem deparado é a limitação da oferta de transporte aéreo, e o seu custo, “situação que acreditamos poder mudar no curto prazo graças à entrada de outras companhias aéreas nas ligações Portugal/Brasil”. Defende também que precisamos de melhorar o conhecimento que o brasileiro tem dos destinos regionais portugueses, conseguindo uma maior disseminação da procura por todo o território.