#BTL2023: Madeira quer “consolidar” Europa e “afirmar” América

A evolução do setor do turismo na Região da Madeira esteve em cima da mesa esta quinta-feira, dia 2 de março, num “Media Breakfast” promovido pelo Turismo da Madeira, no Tivoli Oriente, em Lisboa, no âmbito da BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa).

Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura da Agência de Promoção da Madeira, recuou a 2015 para lembrar que o mercado nacional era aquele que nunca crescia na Região: “Nessa altura, olhamos para esta origem de uma forma muito particular e estabelecemos uma parceria muito forte com a APAVT (Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo) e uma proximidade muito grande com a comunicação social”. Na sequência desta aposta, originaram-se vários projetos como o “Madeira Specialist”, onde os Associados da APAVT tiveram uma formação específica sobre o produto Madeira: “Sentíamos que a Madeira era vista por aqueles que a comercializavam de uma maneira muito diversa, algo que trazia alguma falta de consistência no tratamento do destino”. E a formação revestiu-se de grande importância, pois “sentimos que os atributos da Madeira passaram a ser considerados de uma forma diferente e numa linguagem correspondente ao posicionamento” da região. Também a comunicação social teve um grande impacto nesta evolução: “A forma cuidada e o conteúdo adequado chegou aos públicos necessários e da melhor forma”, afirma o dirigente.

Madeira fecha 2022 com 570 milhões de euros em proveitos

O caminho trilhado desde 2015 fez com que a Madeira conseguisse alcançar número inéditos em 2022: “Tivermos a maior oferta de lugares de sempre na aviação”, indicou Eduardo Jesus, acrescentando que a conectividade entre Madeira e Açores nunca tinha sido tão incrementada, com “dez frequências semanais oferecidas pela SATA e, para 2023, estão asseguradas onze”. Este foco nos Açores deve-se, essencialmente, pelo facto de não se tratar apenas da população açoriana que chega à Madeira fruto dessa conexão: “Os Açores têm uma forte ligação a Oeste, com a América e o Canadá a servirem-se da região para fazer chegar fluxo e a Madeira beneficiou muito disso”, esclarece.

Na fase da pandemia, a relação da Madeira com Portugal Continental (PC) foi vista como sendo a “única origem que tinha capacidade de responder ao destino”, devido à “grande proximidade”, à “comunicação” e ao “sistema de saúde semelhante”, sendo “fácil de construir a confiança que a pandemia tinha colocado em causa”, refere o dirigente, acrescentando que a relação com PC foi mesmo “o nosso laboratório de ensaio de uma série de decisões e momentos de atuação que serviu para expandir para outros mercados de origem”. Na resposta à crise pandémica, Eduardo Jesus falou ainda na aposta da “nova marca” da Madeira; “Foi um grito de modernidade que se quis naquele momento com um conceito mais inclusivo e mais emocional, fazendo com que a Madeira seja parte daqueles que a visitam”. Esta aposta traduziu-se, precisamente, em “800 mil euros de investimento na promoção”, numa altura em que não se captava mercados nem pessoas: “O efeito resultou em quase dois milhões de dormidas nacionais”. O ano de 2022 fechou com 570 milhões de euros em proveitos, sendo que o turismo representou 2% do PIB na Madeira. Para 2023, a tendência é de crescimento: “Comparativamente com 2019, regista-se um crescimento de 31%”, adianta o responsável.  No que à aviação diz respeito, 2022 ficou fechado com 123 rotas: “Trabalhamos com 98 aeroportos, 52 companhias aéreas e foram movimentadas quase 30 mil aeronaves e mais de 4 milhões de passageiros”.

De olhos postos no Brasil, a Madeira tem em cima da mesa uma aposta forte ao nível de comunicação para este mercado: “Como não temos voos diretos, temos vindo a fazer um trabalho de notoriedade do destino”. O foco assenta em “consolidar” a Europa e “afirmar” a América, precisa.

Estratégia da Madeira até 2027 

Aprovado em janeiro de 2022, o Plano de Ordenamento do Turismo tem como objetivo definir o número máximo de camas a oferecer até 2027: “A facilidade investimento que houve há anos deu origem a um boom na oferta de camas, o que desequilibrou muito o mercado em termos de valor e demoramos muito tempo a equilibrar valor com quantidade”. Assim sendo, a estratégia não passa por aumentar o número de camas: “Queremos que o setor ganhe valor”, afirma. Neste sentido, só serão aprovados hotéis na Madeira de até 80 quartos, traduzindo-se em 160 camas até 2027”. Abrangendo também as realidades do alojamento local e tradicional, foi criada uma salvaguarda no Plano de Ordenamento do Turismo que, no caso do alojamento local crescer mais de 3%, não será permitido que o alojamento tradicional possa crescer da forma como está perspetivado: “O objetivo é que a Madeira não se deixe embalar no crescimento descontrolado da oferta”, sucinta.

Ainda no âmbito desta estratégia, o responsável destacou também os novos mercados, cujo trabalho passou a ser feito dentro de cada origem, de forma a atrair mais jovens: “Este era um desafio que se falava há mais de 10 anos”. A pandemia resultou, assim, numa oportunidade: “Tivemos cerca de duas mil pessoas a trabalhar da Madeira para o mundo (nómadas digitais) e a confiança que fomos construindo fez com que os mais velhos fossem mais conservadores, com medo na questão sanitária, e os mais jovens mais atrevidos”.

A 33.ª edição da BTL decorre entre os dias 1 e 5 de março na FIL – Feira Internacional de Lisboa.

Por: Cristiana Macedo, na BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa