Carlos Moedas considera que “não haverá programa financeiro específico para o Turismo a nível europeu”

A 3.ª e última Web Conference que assinala a V Cimeira do Turismo Português, no próximo dia 28 de setembro, recebeu hoje como orador convidado Carlos Moedas, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, sobre “Brexit. A Europa em Temos de Pandemia”. 

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), reflete que “a Europa não tem qualquer coordenada” em relação ao Turismo, pois “cada país quer fazer o que lhe apetece, se recebe país A ou B, se os visitantes de país C têm ou não de fazer quarentena. Não conseguimos ter, por parte da Europa, neste caso concreto, uma diretiva que facilitaria a vida a toda a gente”. Carlos Moedas, por sua vez, argumenta que “a Europa continua a comunicar muito mal aquilo que faz” e que esse é o seu maior problema. Acrescenta que se tornou “a Europa dos intermediários” tendo os Estados-Membros “todo o interesse em tomar os créditos para eles”.

Além disso, na sua opinião, “a Europa respondeu muito rapidamente” à crise pandémica com um pacote de 750 mil milhões de euros a que se acrescentou, posteriormente, mais 600 mil milhões. Já em relação ao turismo, “houve uma licença dada pela Comissão Europeia (CE) que os Estados podiam ajudar as empresas e isso foi a salvação de companhias aéreas e outras nesta área”. A questão, para o antigo comissário europeu, é que “estes grandes anúncios não são sentidos pelas pessoas porque demoram tempo”. O dinheiro do Plano de Recuperação, por exemplo, só entrará em Portugal em fevereiro/março de 2021.

A nível europeu, haverá programa financeiro específico para o Turismo?

A pergunta foi levantada por Francisco Calheiros que admite que a CTP, em conjunto com o Governo português, prepara um Programa Específico para o Turismo, “para entregar um projeto que seja chave na mão”. Carlos Moedas respondeu achar que “não” até porque em “temas que são transfronteiriços, como o turismo, não se consegue ter uma coordenação a nível europeu porque os países pensam que se derem essa coordenação à Europa perdem a sua soberania”. Em contrapartida, “poderá haverá dentro do Fundo de Recuperação uma parte alocada ao turismo”. É sua convicção que se o setor, que representa uma percentagem tão relevante da economia da Europa, “apresentar os projetos certos, poderá ter aqui uma oportunidade de ir ‘buscar’ mais do que outros setores”.

Reino Unido sairá sem acordo 

Já sobre o Brexit, Carlos Moedas tem pela primeira vez a sensação de que “a probabilidade do Reino Unido sair sem acordo é muito superior” e que isso terá um “impacto brutal” na Europa, com a imposição de tarifas e quotas. O presidente da CTP adianta que “o Reino Unido é provavelmente a segunda1 economia da Europa e que sozinho não representa mais de 1% do PIB Mundial”, o que não impediu o país de “sair” da UE. “Estamos a falar do principal mercado para Portugal e posso dizer que em cima de uma pandemia não é nada que apeteça resolver”, alerta.