Castelo Branco, uma cidade com futuro

Para muitos Castelo Branco lembra apenas o nome de uma cidade portuguesa, algures situada no centro do país e escondida na quietude que conserva o interior de Portugal. À primeira vista, não parece pois ser o local turístico mais óbvio, mas a verdade é que a capital da Beira Baixa apresenta hoje uma oferta cultural vasta, onde se conjugam elementos de serenidade e paz, típicas desta região. Nesta edição, a Ambitur foi à descoberta desta cidade e traz-lhe alguns dos melhores argumentos para que Castelo Branco conste, a partir de agora, no seu roteiro de locais a visitar. 

Através das palavras do poeta António Salvado, ali residente, que descreve a paisagem “onde as searas cruzam o granito / e a voz do longe é feita de suor”, a cidade de Castelo Branco apresenta-se como um local onde se pode encontrar o que de melhor há para descobrir no centro do país. Ao longo dos últimos anos, a cidade redobrou esforços, tendo apostado na valorização e modernização de infraestruturas. Desta forma, para além do património histórico, o município e o concelho dispõem agora de novos e renovados locais para serem visitados.

Feitas as remodelações, a cidade apresenta-se de “cara lavada” e com uma estratégia de promoção assente em três pilares fundamentais. Por um lado, o turismo da natureza, bem presente nesta região do país, note-se o caso da Serra da Estrela. Em segundo lugar, pela aposta na cultura e na valorização das tradições da Beira Baixa. E, por último, a autarquia quer também valorizar um turismo de experiências, tendo por base os produtos endógenos desta zona do país, como a sua gastronomia.

Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco

Olhando para estas recentes mudanças, porque devemos então escolher Castelo Branco com um local de visita obrigatória? Mesmo ao olhar mais desatento, em Castelo Branco pode descobrir-se hoje uma conjugação sustentável entre o antigo e o tradicional, lado a lado com uma face mais contemporânea.

Em entrevista à Ambitur, Luís Correia, presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, conta que o município tentou diferenciar-se, nomeadamente através de uma aposta vocacionada para a parte cultural. “Temos património, mas achávamos que não era suficiente para diferenciar o concelho de Castelo Branco. Temos património natural que é a única força que tínhamos para apostar no turismo. Por isso considerámos que precisávamos de fazer uma aposta na criação de algo que nos fortalecesse em termos de atratividade e em termos turísticos”, explica.

Da zona antiga às infraestruturas mais contemporâneas
A cidade pode ser vista sob dois olhares temporalmente distintos. Nas zonas mais antigas, os turistas podem descobrir os cantos do castelo dos Templários, edificado cuja origem remonta à segunda metade do século XII. Descendo pelas ruas estreitas do castelo, são também vários os edifícios que evidenciam a história da cidade assim como as diferenças religiosas do povoado, onde se encontra uma zona de marcadas influências judaicas. Se hoje já não se encontra a totalidade da muralha que circundava grande parte deste casario medieval, pode-se,no entanto, encontrar aquele que é, e continua a ser, um dos  exlíbris da cidade: o Jardim do Paço Episcopal (foto principal). Mandado construir nos finais do século XVI, este jardim, de inspiração barroca, contém uma vasta coleção de estátuas em granito, dedicados a diversas temáticas, todos eles com ligação à mitologia, ao universo e à religião. Por entre pequenas alamedas e fontes de água, neste local destaca-se ainda a escadaria dos Reis, onde se encontram representados todos os reis de Portugal, desde D. Afonso Henriques a D. José. Em frente a este jardim, aproveite a oportunidade e visite também o Jardim da Cidade, renovado há poucos anos.

Museu Cargaleiro

Castelo Branco é também uma cidade de grandes tradições religiosas. Neste sentido, uma das visitas obrigatórias é a da Sé Concatedral da cidade, com origens no século XIII e beneficiando de obras no século XVI, podendo assim, iniciar-se, da melhor forma, um percurso por diversas igrejas presentes na cidade, das mais antigas às mais recentes.

O concelho de Castelo Branco tem estado a criar uma rede de museus, contando até ao momento com nove infraestruturas deste âmbito. Do Museu Francisco Tavares Proença Júnior ao Museu do Cargaleiro, passando pela Casa da memória da presença Judaica, encontram-se peças valiosas do espólio desta região. Além destes, a autarquia concretizou também o Museu da Seda, o Museu do Canteiro, em Alcains, o Museu dos Têxteis, na União de Freguesias de Cebolais de Cima e Retaxo e o Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, recentemente inaugurado e, onde se pode conhecer a história e as características deste bordado já reconhecido e em fase final de certificação.

Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco

Em relação a esta aposta, Luís Correia sustenta que a cidade tem hoje mais pontos de interesse para os turistas que queiram visitar Castelo Branco e pernoitar durante algum tempo. “A verdade é que nós tínhamos uma lacuna. Para uma pessoa que quisesse visitar a cidade e, que quisesse permanecer três dias, tínhamos dificuldade em arranjar um programa. Mas, a partir de agora, com todas estas infraestruturas e esta valorização existe um programa para que a pessoa possa ficar dois, três ou mais dias em Castelo Branco. Até aqui era difícil. Hoje é ao contrário”, defende.

Numa ótica mais contemporânea, encontra-se em pleno centro da cidade, na Praça Largo da Devesa, o CCCCB  (Centro de Cultura Contemporânea de Castelo Branco). Da autoria do catalão Josep Lluis Mateo, o CCCCB é uma espécie de nave que aterrou no coração da cidade em 2013 e que facilmente desperta o olhar mais desprevenido. Com diversas exposições, que ali permanecem por diversos períodos de tempo, este novo ponto turístico é paragem obrigatória numa visita à cidade. Do outro lado da rua e em pleno diálogo, encontra-se também o Cine – Teatro Avenida, onde a agenda de concertos e eventos promete trazer pessoas aos 700 lugares que compõe esta sala, inaugurada em 1954.

Da modernização à promoção da cidade
Em Castelo Branco pode-se encontrar de tudo um pouco. Património, cultura, produtos da região,segurança e bons acessos. Vantagens de uma cidade em pleno centro do país, que tem redobrado esforços na aproximação a outras cidades portuguesas, mas também ao mercado espanhol.

Bordado de Castelo Branco

“Portugal hoje encurtou distâncias. É fácil fazer Castelo Branco – Lisboa. Aliás, temos essa vantagem. Praticamente demora-se quase o mesmo tempo a vir de Lisboa ou do Porto para Castelo Branco. Por outro lado, estamos muito próximos de Espanha, podendo atrair esse mercado”, conta o autarca, frisando as condições de segurança e as tradições, “que são elementos de genuinidade, valorizada pelos turistas”.

No seguimento desta entrevista, Luís Correia alertou também para a necessidade de, futuramente, se concretizar o projeto do IC 31, que mais facilmente ligaria a região a Espanha. “Sabemos que é um desejo difícil, mas que é possível, para que os turistas espanhóis possam vir facilmente para o interior do país e para esta região. Era algo que poderia fazer muito por esta região”, afirma.

Por fim, e relativamente aos desafios que se impõem nos próximos anos, o presidente da autarquia, destaca o eixo do turismo como prioridade para “atrair turistas a Castelo Branco e conseguir concretizar um plano de promoção turística forte, que divulgue e que leve Castelo Branco por esse mundo fora”.

Porém, Luís Correia defende “um caminho de sustentabilidade” começando, desde logo, por atrair o mercado nacional. “Temos que ultrapassar essa realidade e começarmos a mostrar a todo o país que Castelo Branco tem elementos interessantes para visitar, para se estar, para ver e para se sentir”, termina.