Centro: “É fundamental atrair os fluxos internacionais e ganhar a confiança dos viajantes”

Ambitur abordou as várias regiões do país de forma a saber que prioridades e desafios apontam para o desenvolvimento do turismo e quais as expectativas em relação aos próximos tempos.

Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal (TCP), não nega que 2022 se apresenta com novos desafios para a atividade turística nesta região. Começando desde logo pelo desafio de consolidar o Centro de Portugal como destino preferencial na fase pós-pandémica que se avizinha. Para isso, recomenda, “há que continuar a promover, tanto nacional como internacionalmente, as incontestáveis mais-valias do Centro de Portugal”, que passam por ser um destino seguro e sustentável, não massificado, com espaço para todos os visitantes, além de ser um destino em que “a natureza, o turismo ativo, a cultura, as tradições, a gastronomia e os vinhos são produtos distintivos, assim como a multiplicidade de experiências associadas a estes produtos turísticos”.

O presidente da TCP recorda que “a consolidação da região está muito presente entre os visitantes nacionais, que elegeram o Centro de Portugal como primeira escolha nos verões da pandemia”. Agora, com a previsível e progressiva reabertura de voos internacionais, “queremos que essa perceção seja replicada no maior número de mercados possíveis”, frisa.

Para o entrevistado, a promoção integrada de destinos deverá pois ser uma prioridade para o executivo que sair das eleições do dia 30 de janeiro. E lembra que, apesar de Portugal ser um país pequeno, as suas regiões proporcionam uma enorme diversidade e complementaridade, e que essa riqueza não tem sido devidamente aproveitada na promoção externa. “Isso consegue-se com um reforço da articulação entre a Marca Portugal e as Marcas Regionais, de forma a estarmos todos juntos numa estratégia comum de crescimento”, sublinha.

Otimismo moderado para 2022

Apesar de ainda não dispor de dados finais relativamente ao ano que agora terminou, Pedro Machado aponta que os indicadores provisórios do INE mostram que, entre janeiro e fevereiro, o Centro de Portugal registou 4,1 milhões de dormidas, um aumento de cerca de 28% face aos 3,2 milhões de igual período de 2020. “Houve uma recuperação evidente que está nas base do otimismo cauteloso com que encaramos 2022″, admite. Mas refere que para as dormidas se aproximarem dos índices pré-pandemia, “é fundamental atrair os fluxos internacionais e ganhar a confiança dos viajantes”. Recorde-se que, no mesmo período de 2019, a região teve 6,7 milhões de dormidas, o que significa que “há muito para recuperar este ano e nos próximos”. No entanto, não hesita em dizer que o verão de 2021 “foi muito positivo” para o Centro, com taxas de ocupação, em muitos destinos como a Serra da Estrela ou Beira Baixa, a aproximarem-se dos níveis pré-pandémicos.

O presidente da TCP reconhece que o empresariado turístico da região “está muito apreensivo com o futuro próximo da sua atividade”. E frisa: “Os efeitos da pandemia, juntamente com a falta de mão de obra, geram uma tempestade perfeita, a qual os empresários só conseguirão vencer com apoios efetivos e prolongados por parte das entidades governamentais; apoios esses que não estão a acontecer e que são vitais para a sua sobrevivência”. E dá um exemplo: “Os empresários ainda estão à espera de conhecer os contornos do Plano Reativar o Turismo, Construir o Futuro, anunciado em maio”.

E é devido a todos estes condicionalismos que Pedro Machado dá conta de que “há investimentos preparados, mas que não avançam”. E que “os empresários esperam, como nós esperamos, que o Governo que sair das eleições olhe para o turismo com a importância que ele merece, e que apoie as empresas do setor turístico, que contribuem de forma vincada para o enriquecimento do país, mas que não obtêm o devido reconhecimento por parte das entidades decisoras”.

Balanços feitos, as expectativas da Turismo Centro de Portugal para 2022 são de “otimismo moderado”. A imprevisibilidade a incerteza passaram a fazer parte desta nova realidade, relembra o responsável, dizendo que “no início de 2021, todos os players achavam que seria o ano do fim da pandemia e do início da recuperação” e que “12 meses depois, a expectativa é sensivelmente a mesma, apoiada em sinais promissores da parte dos cientistas”.

Além disso, clarifica, o negócio turístico depende de muitos fatores, e não só da evolução pandémica. Aponta assim o dedo à falta de recursos humanos para trabalhar no turismo. “É um problema grave, para o qual não há uma solução imediata”, adianta, receando que “o previsível aumento da procura que se irá fazer sentir na região esbarre na dificuldade dos empreendimentos turísticos e de restauração não poderem assegurar os serviços na plenitude por falta de mão de obra”.

Mas Pedro Machado está confiante que 2022 seja, finalmente, “o ano do início da recuperação”, até porque os números de que já dispõe relativos a 2021 lhe dão essa margem de otimismo.