Cidade Europeia do Vinho’18: Um território do vinho à espera de ser descoberto

Torres Vedras e Alenquer uniram-se para dar a provar o melhor vinho que nasce na região de Lisboa e foi assim que, juntas, se tornaram Cidade Europeia do Vinho 2018.

Os concelhos de Torres Vedras e Alenquer constituem duas Denominações de Origem Controlada (DOC) da região de Lisboa, que os faz partilhar “uma forte tradição na cultura da vinha e do vinho”, pelo que a sua candidatura conjunta à distinção de Cidade Europeia do Vinho revelou ser um “passo natural” no trabalho que têm vindo a desenvolver no setor vinícola, explica a Área de Comunicação da Câmara Municipal de Torres Vedras.

José Calixto

A Cidade Europeia do Vinho é “um dos projetos com maior impacto” da RECEVIN – Rede Europeia de Cidades do Vinho, quem o diz é José Calixto, presidente da RECEVIN, em entrevista à Ambitur. Anualmente, é lançado o desafio a um dos países da rede de apresentar as suas candidaturas a Cidade Europeia do Vinho no Parlamento Europeu, em Bruxelas. Este ano foi a vez de Portugal consagrar dois dos seus territórios, Torres Vedras e Alenquer, pelos seus vinhos.

“A candidatura de Torres Vedras e Alenquer apresentou uma agenda com mais de 80 iniciativas ligadas ao vinho nos dois concelhos e apresentou-se como uma das zonas vitícolas mais tradicionais e onde o vinho desempenha um papel preponderante na economia local”, afirma José Calixto.

Para o município de Torres Vedras este é um reconhecimento não só dos seus vinhos como do seu território e das suas gentes. Das suas quintas, adegas privadas e cooperativas e pequenos agricultores. No total, são 41 produtores vinícolas em Alenquer e 20 produtores em Torres Vedras, que contam com cerca de 70 parceiros em áreas como a restauração, hotelaria, ensino e animação turística. “A cultura do vinho é parte intrínseca da identidade coletiva destas comunidades e do seu património”, adianta a Câmara Municipal.

A candidatura foi submetida com vista à promoção do enoturismo e à defesa “dos interesses das administrações locais europeias economicamente ligadas ao vinho”, com a Câmara Municipal de Torres Vedras a defender que a atividade vitivinícola ocupa um papel preponderante no desenvolvimento da região, “reflexo da produção de vinhos que são cada vez mais reconhecidos e na crescente aposta em unidades turísticas que andam de braço dado com a produção vitivinícola”.

Alguns dos eventos em destaque, entre as 80 atividades na Cidade Europeia do Vinho 2018, são: o Wine Cellars & Art Fest Portugal (19 e 20 de outubro), que irá juntar artistas plásticos, músicos, atores, poetas e pensadores, na Adega Cooperativa de São Mamede da Ventosa; o Festival do Vinho de Torres Vedras (27 de outubro a 11 de novembro); o Teatro Comunidade que fará das Caves Bonifácio o seu palco (24 de novembro) e os já conhecidos Vinhos de Lisboa na Rua Augusta (4 a 9 de dezembro).

Os vinhos de Torres Vedras e Alenquer
“Um bom vinho é poesia engarrafada”, escreveu Robert Louis Stevenson. E que poesia escreve a Cidade Europeia do Vinho 2018? A proximidade do Oceano Atlântico e solos argilo-calcários brindam ambas as regiões com uma panóplia de vinhos marcados por “uma acidez antural refrescante e grande mineralidade, fruto do sol mediterrânico e da influência atlântica. E se o primeiro dá origem a fáceis maturações e força alcoólica, o segundo equilibra a acumulação de açucares”, descreve o munícipio de Torres Vedras.

Se por um lado os seus vinhos tintos são “encorpados e cheios de cor” e mais secos, os brancos são aromáticos e “muito procurados para acompanhar diversas iguarias”.

A paisagem vinhateira portuguesa
“Ninguém fica indiferente aos hectares de vinha que pintam Regiões de Portugal e da Europa”, garante o presidente da RECEVIN, com a paisagem vinhateira portuguesa a ser um “forte cartão de visita” para o nosso país.

No fundo, um postal turístico pois “são cada vez mais aqueles que nos procuram para usufruir de produtos tradicionais e aprofundar o conhecimento sobre o nosso património enológico e gastronómico”, dá-nos conta José Calixto.

Uma paisagem de elevado potencial turístico cuja “excecionalidade reside na capacidade que o homem tem tido de transformar territórios adversos em grandes potenciais económicos”, acrescenta.

O presidente da RECEVIN nota que a presença do país na rede tem assumido bastante relevância. “O vinho foi considerado o maior potencial turístico de Portugal e a presença nesta rede tem-nos, também, permitido disseminar e promover o nossos vinhos e os nossos territórios.”

Europa, um mapa de Cidades do Vinho
A missão da RECEVIN – Rede Europeia de Cidades do Vinho é simples: dar voz aos territórios produtores de vinhos na Europa, que continuam a crescer e a expandir-se até outros recantos do mapa da Europa.

Atualmente, a rede é constituída por 11 países (Alemanha, Áustria, Bulgária, Eslovénia, Espanha, França, Grécia, Hungria, Itália, Portugal e Sérvia) que se traduzem em mais de 600 cidades europeias. Agora chegou a vez da Moldávia se juntar à RECEVIN, assim como mais algumas cidades gregas e francesas.

Os seus objetivos concretos passam por defender as denominações DOP e IGP contra a sua liberalização, alcançar a parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP), a criação de um Observatório para o Turismo Enogastronómico e a liberalização do e-commerce Europeu do Vinho.

A RECEVIN conta, ainda, com o apoio da AMPV – Associação de Municípios Portugueses do Vinho, da ACEVIN – Associação Espanhola de Cidades do Vinho e da Città del Vino – Associação Nacional de Municípios Italianos Produtores de Vinho.