A atual crise atinge outros setores de atividade da economia, como não afeta o turismo, considerou António Costa, Primeiro-Ministro, durante a abertura da VI Cimeira do Turismo Português, promovida pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que se realiza em Lisboa. Para o responsável, “há um grande consenso nacional em torno da importância do turismo. A história do turismo nos últimos anos é a forma com temos de encarar a nova realidade de incertezas, marcada por uma guerra na Europa, que tem um efeito, à escala global, económico e social, em que a inflação será seguramente a marca maior”. Relembra o chefe do Governo que “não houve nenhum setor mais afetado pela pandemia do que o turismo. O que a pandemia exigiu foi que não viajássemos. Foram dois anos muito duros, só possíveis de superar apoiando-nos uns aos outros. Em 2019, ano que antecedeu a pandemia, o turismo representou 8% do valor do PIB, 10% do emprego e 20% de exportações de bens e serviços do país. Foram dois anos em que toda a fileira do turismo teve uma dramática situação. As medidas de apoio adotadas pelo Governo foram de 1,8 mil milhões de euros, abrangeram 200 mil trabalhadores, 35 mil empresas, mais 160 mil trabalhadores em ações de formação”. António Costa realça ainda o lançamento do Plano Reativar num valor total de seis mil milhões de euros, “que tem dois mil milhões em execução e é uma oportunidade que não pode deixar de ser aproveitada para o relançamento desta atividade. A verdade é que este é o setor que depois desta gravíssima crise tem tido uma recuperação mais forte”.
Sendo assim, o orador considera que “temos de olhar para o setor do turismo e perceber que se, num momento de tanta incerteza e sofrimento, foi possível resistir e superar, quando a situação mudou, também é assim que temos de encarar o nosso futuro, numa situação de guerra e porventura duradoura. Temos de olhar para esta situação como encarámos a pandemia: ajudando-nos uns aos outros”. Pois, para o responsável, “neste momento o turismo não é o setor mais atingido, sendo que a atual conjuntura geopolítica até favorece o desenvolvimento do turismo em Portugal, sendo nós um dos países mais seguros do mundo”. Considerando “que a economia não é só turismo, sabendo que o turismo é um motor importante para outros setores de atividade e que este significa mais consumo de produtos agrícolas e agroalimentares, maior ativação do comércio e da indústria, nomeadamente da construção, hoje o turismo não está a sofrer o impacto de outros setores de atividade”.
No entanto, António Costa refere que “não é por isso que temos de deixar de olhar para o turismo, assim como para o valor que tem e para as suas dificuldades, assim como as empresas”. Recorda o governante que o setor do turismo beneficia de outras medidas aprovadas para empresas que indiretamente visam proteger o rendimento das famílias. “O setor confronta-se com alguns problemas estruturais, o emprego tem vindo a melhorar mas conta com menos 60 mil postos de trabalho do que tinha em 2019, mas temos simultaneamente uma nova realidade, global, de carência efetiva de mão-de-obra. É preciso termos em conta que a pandemia mudou o mundo e como os seres humanos encaram as prioridades da vida. E isso é o que explica que independentemente da região e setor de atividade estejamos a ser confrontados com menos recursos humanos”, refere. Neste ponto, o responsável destaca a “assinatura do Acordo de Mobilidade da CPLP, a aprovação já em Portugal da legislação pela Assembleia e aprovação de regulamentação por parte do Governo, permite desburocratizar a emissão de vistos de mobilidade entre os países da CPLP. A partir de agora, os vistos devem ser liminarmente diferidos, salvo se o requerente tiver sido objeto de uma medida de expulsão do território nacional ou constar da lista de interdição do Espaço Schengen. Uma segunda alteração importante é que passou a ser possível a emissão de visto para a procura de trabalho. Espero que este quadro legislativo venha responder a uma das necessidades sentidas, particularmente no setor do turismo. Esta legislação não será estática, exige dinamismo na sua aplicação. Iniciaremos já nos próximos dias, 20 a 22 de outubro, em Cabo Verde as primeiras feiras da empregabilidade, onde em parceria com as autoridades locais promoveremos as ofertas de emprego, promoveremos o contato entre os empregadores portugueses e aqueles que procuram trabalho naqueles países de forma a que possamos agilizar de modo legal a emigração segura para Portugal”.
Recorda ainda o responsável que, para que haja turismo, “necessitamos de boas infraestruturas de transportes”, indicando que a Assembleia República aprovou o Plano Nacional de Infraestruturas ,o que nos permite designadamente ultrapassar a ligação de Alta Velocidade Lisboa-Porto e Vigo (cujo traçado será apresentado amanhã na cidade do Porto), como primeiro eixo estruturante de inserção na rede ibérica de Alta Velocidade. Da mesma forma o Governo poderá aprovar o Plano Nacional Ferroviário”. O responsável fez ainda referência à nova estrutura aeroportuária para Lisboa.
Por Pedro Chenrim