Cimeira CTP: “Temos de consolidar um posicionamento para que sejamos um destino de longo prazo”

Durante a sessão de abertura da VI Cimeira do Turismo Português, que se realiza em Lisboa, promovida pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, destaca que é necessário construir o futuro da atividade turística da cidade baseado em consolidação e inovação, para que o bom momento atual não seja só uma moda, tendo a noção que este tem de ter uma forte ligação com os cidadãos.

O responsável iniciou a sua intervenção com um agradecimento aos empresários do turismo, “pelo que fazem em Lisboa”. Recorda o orador que o turismo não é só essencial, mas é crucial para a cidade de Lisboa, valendo 20% do PIB e 15% do emprego. “Precisamos do turismo, do vosso trabalho e entusiasmo”, destacou o responsável, indicando que o ”esforço está a dar frutos, esperamos 85% taxa de ocupação de 2019, este ano, apesar da guerra, e em 2023 ultrapassar os valores do ano referido”. Acredita Carlos Moedas que “esta é uma recuperação extraordinária, que demonstra a resiliência dos empresários turísticos, uma capacidade que vai continuar a ser testada, com o aumento do custo de vida, com as cadeias de abastecimento a serem afetadas e sobretudo com a falta de mão de obra, estimada em quase 50 mil falta de trabalhadores”.

Considera o presidente da Câmara Municipal de Lisboa que “se passamos um bom momento enquanto destino turístico, temos de aproveitar esse balanço para preparar o próximo passo, deste novo mundo: consolidação e inovação. Para que este não seja apenas um momento, para que Lisboa não seja só uma moda, para que Portugal não seja apenas parte de um ciclo, temos de consolidar um posicionamento para que sejamos um destino de longo prazo, de grande qualidade, através de um esforço conjunto entre Governo, a Câmara Municipal, mas sobretudo dos empresários”. Para o orador, o turismo só pode crescer se for para as pessoas, os lisboetas, se for para servir também a cidade. “Esta ligação tem de ser cada vez maior. Que os lisboetas sintam que estão a contribuir para eles, a contribuir para a nossa cidade. Sendo assim o turismo tem de ser sustentável, inovador e centrado no bem-estar da cidade”, considera.

Neste contexto, o autarca deixou à plateia três desafios. O primeiro tem que ver com a sustentabilidade. “Portugal tem de ser ecológico por excelência, é o que os turistas procuram, mas fazê-lo porque é a nossa obrigação para as gerações futuras. Lisboa pode ser a capital europeia desse turismo”, indica, acrescentando que “temos vários projetos nesse sentido, ao nível da energia e consumo de água, mobilidade, entre outros. Estamos entre os quatro finalistas para o prémio C40 da fundação Bloomberg”. Para Carlos Moedas, “o turismo tem de acompanhar esta tendência, é um setor que ainda tem uma pegada ecológica significativa. Temos de continuar a trabalhar, sabemos que tempos poluição no Terminal de Cruzeiros, do ruído dos voos, temos de mudar isso”.

O segundo desafio deixado pelo presidente da Câmara de Lisboa é ao nível da inovação: “O que será o novo mundo do turismo, que conceitos, que novo tipo de turismo vamos ter? Sabendo que esse turismo vai sempre ser um turismo em que a parte física é essencial”. Considera o interlocutor que este “vai ter muito de digital, muito de transformação na sua própria maneira de estar e de contactar com o cliente”. Sendo assim, acredita que vai ser crucial “sobretudo para aqueles que conseguirem conjugar o mundo físico com o digital. Criando novas marcas que correspondam às expectativas do consumidor, que será cada vez mais exigente”. Refere o orador que “senti isso nos empresários turísticos, durante a pandemia, em testarem, inovarem, na criação de novos projetos. Há realmente uma inovação extraordinária que podemos ter e em que a Câmara Municipal estará ao vosso lado. Eu quero que os apoios ao turismo de Lisboa se centrem na inovação, entre o mundo digital e o físico, inventem o novo mundo”.

Finalizando, Carlos Moedas indica que o terceiro desafio incide em descentralizar o turismo através da cultura na cidade. De acordo com o responsável, “esta é uma ideia há muito discutida e falada. Como criamos estas centralidades na cidade? A Câmara Municipal e o Governo conseguimos liderar e ter a capacidade de começar a renovar em Lisboa 15 monumentos e 15 museus, com um financiamento europeu de 56 milhões de euros. Estes serão centros de criatividade que junta quem cá está com quem vem de fora. A experiência do turismo não é só ver, é criar e colaborar”. Sendo assim, considera o interlocutor que “o turismo promove a cultura e pode promover a cultura onde ela tem menos audiência, pode dinamizar o espaço público e animar o comércio local. Podemos conseguir mudar a maneira como olhamos para a cultura também com esta conexão extraordinária com o turismo”.

 

Por Pedro Chenrim