Como se deve preparar a hotelaria para a chegada dos millennials?

Os millennials representarão, daqui a cinco anos, 50% da força de trabalho, ultrapassando, em 2030, os babyboomers em gastos. Estes foram alguns dos dados destacados por Rodrigo Machaz, diretor geral do Memmo Hotels,  no inicio do penúltimo painel do 27º Congresso Nacional da Hotelaria, que decorreu no Vila Galé Évora, e que teve como tema ” Tendências (ou talvez não…)”.

Bernardo  D´Eça Leal pertence aos “millennials” e é administrador do The Independent Hotel ( o primeiro hostel em Lisboa que fez um restaurante e está aberto à comunidade local) e do The Decadente, ambos pertencentes ao grupo The Independent Collective que, segundo o responsável, “marca pela diferença”. “Dentro dos hostels queremos ser premium”, avançou Bernardo D´Eça Leal, explicando, no entanto, que nas suas unidades existe uma “mistura de públicos”, “tanto estão os que pagam uma cama por 15 euros como os que pagam a suite por 120 euros”. O importante é que todos usufruam do seu conceito que passa muito pela tão badalada “experiência”, ou seja, neste caso, por fazer com que os hóspedes “cheguem a Lisboa e vivam com um lisboeta, o staff é formado precisamente para isso. Queremos dar-lhes um bocadinho da nossa Lisboa”.

Apresentado o “sucesso” do The Independent, Rodrigo Machaz, também moderador do painel, provocou os hoteleiros presentes. “Neste dia avassalador para o alojamento local é importante que pensemos se o alojamento local é uma ameaça ou uma oportunidade. Eles (hostels como o The Independent, por exemplo) devem ser integrados ou afastados da AHP? Devemos descomplicar a nossa regulação ou fazer tudo para complicar a deles?”.

A organização de eventos

Na mesma ocasião, Luc Hendrickx, Senior Manager da Events by TLC, falou da sua experiência na organização de eventos na hotelaria para esta nova geração. Segundo o responsável, em 2025, os millennials representarão 75% dos trabalhadores activos, ou seja, os congressos passarão a ser frequentados por esta geração. Como explicou aos presentes, num evento deste género, “os millennials  procuram networking, oportunidades de trabalho e aprendizagem”, algo muito semelhante aos babyboomers. A diferença está no “como” estes objetivos podem ser alcançados. Segundo Luc Hendrickx, os millennials não abrem mão dos encontros cara a cara, preferem atividades baseadas na Web, buscam uma experiência individualizada e exigem ter escolha. “A noite passada o jantar estava fantástico, mas não tínhamos escolha, era o que estava no menu”, exemplificou o responsável.

Aos presentes, o responsável explicou que, num evento para esta geração, não pode faltar uma boa conexão à internet, smartphones e tablets, ecrãs LCD e tomadas. “80% dos millennials vêem a hora da refeição como uma hora para socializar e 70% usam as redes sociais enquanto comem”, afirmou o responsável, voltando a frisar que os hoteleiros têm de dar várias opções a estes clientes: diferentes tipos de comida (saudável, tradicional), espaços de diversão e entretenimento, conexão, etc.

Ainda neste painel, Jean Pierre Marrois deu a conhecer o caso de sucesso que é o   “Les Bains”, o hotel que gere e que fica localizado no centro de Paris. A unidade, que conta com 39 quartos, marca a diferença pela sua decoração que é “uma fusão entre o moderno e o tradicional” e cobra, em média, 400 euros por dormida.