Compras são a “maior fatia” de custos e a “chave” para a sobrevivência de um hotel

A HotelShop e a Moneris realizaram hoje um Webinar sobre “Gestão de Sobrevivência para Hotéis”, do qual a Ambitur.pt foi media partner.

O presidente da HotelShop, Miguel Paredes Alves, considera que muitos agentes do setor têm desvalorizado a crise mas que esta é uma “questão de sobrevivência” que implica uma gestão de acordo com a realidade da maioria dos hotéis estarem “fechados ou vazios”. O responsável vai mais longe e esclarece que o momento presente “é muito mais do que uma crise” pois essa virá depois com “países emissores com quebras de 10% no PIB”, incluindo Portugal.

A sua intervenção recaiu sobre a “Gestão de compras em modo de sobrevivência” ou não fossem as compras — F&B, consumíveis, energia e serviços externos — “a maior fatia de custos de um hotel” enquanto os recursos humanos representam uma parcela entre 35-40% dos custos. É, desta forma, uma área que tem de ser “gerida com o maior rigor e atenção” sobretudo “em modo de sobrevivência”. “O departamento de compras deve ser revisitado porque está aqui, provavelmente, uma das chaves para a sobrevivência do hotel”, assegura Miguel Paredes Alves.

No momento de reabertura, com o término do lay-off e das moratórias de impostos e empréstimos, “os hoteleiros estarão entregues a si mesmos” e a “gestão de custos é absolutamente decisiva”, sublinha o presidente da HotelShop. É preciso então definir um plano de ação com os procedimentos a adotar.

Repensar os compras numa ótica de reduzir custos ao máximo

Os custos de energia têm de ser também “revisitados” na medida em que os contratos foram “afirmados com base no pressuposto de um determinado padrão de consumo” que já não se verifica face à redução da taxa de ocupação. É altura de “renegociar” tais contratos de energia. Já os custos com equipamentos devem ser “limitados ao mínimo”. Miguel Paredes Alves comenta, em relação aos custos com matérias-primas e consumíveis, que numa época de receitas talvez a “qualidade e serviço” se sobreponham ao preço mas que, nesta altura, “o preço sobe de importância”. Partir de uma base zero para a gestão de custos implica, desde logo, “fazer uma seleção de produtos” e “refazer os stocks mínimos”, adianta.

O presidente da HotelShop reafirma a necessidade de: “Repensar compras numa ótica de reduzir custos ao máximo, perdendo o mínimo de qualidade mas assegurando que cada euro que gasto é imprescindível, sem o qual gastaríamos mais do que iríamos poupar”, o que implica também um trabalho de “sourcing” para perceber “quem no mercado nos pode entregar esses produtos nas melhores condições de preço – qualidade – serviço”, sendo “exigentes na negociação com fornecedores” mas tendo consciência de que também atravessam dificuldades e “sabendo até onde podemos ir” nessa negociação.

Período de “supremacia dos custos”

Segundo Miguel Paredes Alves, a “tendência mundial para terceirizar serviços na hotelaria já amadureceu” e tal prática permite que as empresas “reduzam custos e se foquem no seu core-business” além de “transformar custos fixos em variáveis”. A HotelShop, enquanto central de compras, costuma obter cerca de 15% de reduções médias de custo para os seus clientes mas numa época de crise, onde o poder negocial mais conta, esta percentagem “deverá ser maior”.

O departamento de compras pode ser terceirizado, tendo um responsável de compras mas com um apoio exterior, na medida em que é uma “área muito especializada e tecnicamente muito exigente, em termos de milhares de referências de produtos e fornecedores, e um setor muito sensível a fenómenos de falta de controle e corrupção”, defende o responsável.

Em suma, o presidente da HotelShop acredita que vamos entrar num período de “supremacia dos custos” onde “quem não os souber gerir nesta altura, gastando cada euro como se fosse o último, vai rapidamente chegar o dia em que vai mesmo gastar o último euro”, elucida.