Comunicado APAVT: Portugueses retidos no estrangeiros

No seguimento das declarações do Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros, difundidas pela Lusa, segundo as quais “as Agências de Viagens não devem abandonar os turistas e viajantes portugueses que se encontram retidos nas Filipinas, Argentina, México e Marrocos”, vem a APAVT esclarecer o seguinte:

1. O Senhor Ministro sublinhou, segundo a Lusa, “a situação em que se encontravam as várias dezenas de turistas portugueses no arquipélago das Filipinas”. Ora, a APAVT  não “encontrou” até à data qualquer cliente de Agência de Viagens nas Filipinas que não esteja a ser devida e profissionalmente acompanhado. Conclui-se, assim, que o referido grupo terá marcado as suas viagens sem o auxilio de uma Agência de Viagens, circunstância que, como a APAVT vem salientando há muito, prejudica enormemente a qualidade da experiência de viagem, sobretudo em momentos de alteração das circunstâncias dessa mesma viagem. De resto, das reportagens publicadas com este grupo de portugueses, nenhum surgiu a reclamar falta de apoio da sua Agência de Viagens;

2. Uma alteração profunda das circunstâncias, é o que estamos a viver. Existe actualmente, na Europa, uma operação de repatriamento massivo de turistas e viajantes, no seguimento de um movimento de fecho de fronteiras sem precedentes. Espanha, Chipre, Polónia, Turquia, Marrocos, República Dominicana, Cabo Verde, África do Sul, apenas para mencionar alguns exemplos, anunciaram o fecho de fronteiras terrestres, portos e aeroportos, para os próximos dias. A única certeza que temos neste momento é que, a partir de amanhã, muitos milhares de cidadãos europeus vão ficar retidos um pouco por todo o mundo, incluindo, naturalmente, cidadãos portugueses;

3. Acresce que, simultaneamente, inúmeras companhias de aviação cancelaram os seus voos e/ou cancelaram as próprias rotas aéreas, criando um situação difícil de gerir: menor oferta, maior procura, e poucos dias (às vezes poucas horas) para resolver os problemas;

4. Assim, nestes últimos dias, temos assistido a um pouco de tudo – viajantes cujo embarque é recusado, porque o seu voo é para um País, ou apenas com escala num País, que colocou restrições às viagens (exemplo, turistas europeus com voos de regresso através dos EUA); turistas a ser “despejados” de Hotéis que estão a fechar, como por exemplo em Espanha, não tendo sítio para onde ir; o aeroporto de Lisboa, hoje mesmo , estava repleto de franceses e brasileiros, entre outros, que não conseguiam sair do País (não, não tinham sido abandonados pelas Agências de Viagens deles, estavam apenas a sofrer dos distúrbios óbvios e expectáveis de um repatriamento em massa, apesar de todos os esforços dos agentes de viagens de todo o mundo e dos ministérios dos negócios estrangeiros de todo o mundo);

5. Tal como os agentes de viagens em todo o mundo, os agentes de viagens portugueses estão a fazer todos os esforços para acudirem a esta situação de exceção. A APAVT, que tem acompanhado este trabalho, orgulha-se dos agentes de viagens que representa, que, antes de tudo o mais, inclusive antes de tratar do equilíbrio financeiro das suas empresas, têm passado dias e noites a tratar de todos e de cada um dos seus clientes, com afinco e total dedicação. A APAVT deseja mesmo agradecer a todos os agentes de viagens que representa, o exemplo de profissionalismo, de solidariedade e de sacrifício, que honram uma classe de gente trabalhadora, que se realiza na resolução dos problemas dos seus clientes;

6. Quanto ao Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros, uma vez esclarecido que fazemos parte da solução, e que mais não temos feito senão minimizar o problema, nada acrescentaremos, excepto que pode estar certo de que continuaremos o trabalho de grande cooperação que vimos realizando com os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde só temos encontrado, igualmente, boa-vontade, espírito de construção e profissionalismo, e que estaremos, como sempre, disponíveis para o ajudar nas dificílimas tarefas que tem em mãos.