Congresso AHP: A crescer desde 2008 o Porto e Norte é a “região sensação” no atual panorama

Apontada como a “região sensação”, o Porto e Norte de Portugal foi o tema num dos painéis do 31.º Congresso Nacional da Associação de Hotelaria de Portugal (AHP), que decorreu de 20 a 22 de novembro em Viana do Castelo.

“É público e notório que o turismo do Porto cresceu nos últimos anos”, começou por destacar o presidente do Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), Luís Pedro Martins, acrescentando o importante papel do Turismo de Portugal na promoção de destinos como o “Norte, Centro e Alentejo”, algo que contribuiu para a “explosão de números”. Na visão do responsável, “Portugal cresceu e ajudou a chegar a estes resultados” pelo que é fundamental à região fazer “aquilo que o país fez em relação às regiões menos densas”. O dirigente começou por destacar a importância de “distribuir da melhor forma os 4,5 milhões de turistas”, dos quais “72% se concentraram na porta de entrada (Gaia, Porto e Matosinhos), 21% no Minho, 4,5% no Douro e, apenas, 2,5% em Trás-os-Montes”. No desafio da distribuição, “há um longo caminho a percorrer”, acrescenta.

A região sensação

Entre 2008 e 2017, o Norte foi a “segunda região que mais contribuiu para o número de hóspedes”, destaca Luís Pedro Martins, acrescentando que, comparativamente a 2008, a região foi a segunda com maior dinâmica, tendo mais que duplicado o número de hóspedes”. O Norte foi a “terceira região que mais contribuiu para o aumento do número de dormidas” em Portugal, tendo sido ainda no Norte que se “registou o segundo maior crescimento do revPar”, no mesmo período. Já sobre o aeroporto da Invicta, o presidente do TPNP refere que, atualmente, dispõe de “30 companhias regulares que servem 98 mercados regulares de origem: 87 na Europa, três em África, quatro na América do Norte, três na América do Sul e um na Ásia”. Os resultados registados estão com um “crescimento anual a dois dígitos”, estando previsto atingir os “13 milhões de passageiros em 2019”, afirma o responsável. As obras na infraestrutura vão contribuir para que passe a ter 30 operações por hora pelo que é fundamental “continuar com este investimento”, conseguindo alcançar uma capacidade de “40 milhões de passageiros”, sendo uma “oportunidade excelente para se tornar num Hub” e reforçando a sua posição na região, declara o responsável.

Relativamente ao alojamento, os resultados continuam “impressionantes”. A região Norte assume a “terceira posição em número de dormidas (8.343.393)”, tendo ascendido à “segunda posição nacional em termos de hóspedes (4.479.395)”, indica o responsável. Já nos primeiros nove meses do ano, a região “aproxima-se dos dois dígitos”, crescendo “9,6% em relação ao ano anterior somando mais de 8,3 milhões de dormidas”, acrescenta. Em termos de evolução dos proveitos, o presidente refere que o Porto e Norte é também uma das regiões em destaque com “acréscimos de 12,4% nos proveitos totais”, reiterando que, em 2018 o valor dos proveitos foi de “560 milhões, projetando-se terminar este ano 2019 em cerca de 700 milhões”. Em termos de dinâmica empresarial, Luís Pedro Martins afirma que “ultrapassou as 20 mil unidades de negócio, sendo em empreendimentos turísticos, alojamento local, agentes de animação turística, agentes de viagens e turismo”.

Ao desafio de “Como se faz a gestão do turismo na região Norte?”, o presidente do TPNP constata como sendo fulcral o “reconhecimento do posicionamento competitivo no contexto nacional e a sua respetiva importância para o país”, destacando que, “sem uma auditoria à competitividade e à sustentabilidade turística do destino, este crescimento poderá não ser qualificado”, além de uma aposta “contínua em fazer benchmarking em relação aos destinos concorrentes” e a adoção de uma “política de turismo humanizada”, apostando em projetos que “partilhem os benefícios mas também as responsabilidade do crescimento do turismo”, acrescenta. Neste caminho, Luís Pedro Martins refere que é “urgente” ter um ponto de partida, começando pela “coexistência de diferentes entidades de âmbito supramunicipal e local de natureza e competências distintas”, ou seja “ter a consciência de saber quem faz o quê nesta matéria”, explica, destacando a importância de “avaliar as vantagens de caminho para um modelo de gestão” que incluam uma ação mais próxima de trabalho com o setor privado. “Eu julgo que, se há setor em que público e privado têm de estar permanentemente de mãos dadas, é o Turismo”, sublinha. A “aposta na gestão com base no conhecimento” e na “dignificação e profissionalização dos recursos humanos”  em todos os níveis do setor é também um “desafio primordial” para entidade.

No contexto dos desafios da gestão do destino, o presidente destaca a questão da “mobilidade” e na “concretização necessária da distribuição dos fluxos a partir dos principais centros de atração”, sublinhando ser “estratégico para o Douro a aposta na ferrovia e a valorização da linha do Douro”. A inovação “digital” também é relevante, sendo considerada como um “instrumento de apoio à gestão”, constatando que, hoje, “a pesquisa, a escolha e a compra são feitas de forma digital” com “pacotes feito à medida”, atenta. Na linha da “sustentabilidade”, o responsável é perentório: “Quem ficar de fora desta ambição, fica também de fora deste novo tempo de urgência climática”, ao qual as “novas gerações não vão perdoar falhas”. Na internacionalização do destino, o dirigente acredita que, na promoção da marca Porto e Norte, haja maior apoio ao setor privado no esforço de promoção que tem vindo a desenvolver. “Precisamos do público e do privado a trabalhar em conjunto no sentido  de controlar meios e instrumentos que apoiem a atividade empresarial no pós 2020” considera.

A visão de Luís Pedro Martins é de que, até 2030, as regiões da Ásia e do Pacífico “consolidem o estatuto de região emissora mais dinâmica”, sendo que a Europa “vai abrandar a sua capacidade de crescimento”. Face ao cenário, o dirigente diz ser importante “olhar para o passado com o respeito necessário” tendo a visão de “projetar o olhar no futuro para não perdermos as grandes oportunidades”. Com uma visão otimista, o presidente do TPNP afirma: “No Porto e Norte, o melhor ainda está para vir”.