Congresso AHP: “Há cada vez mais Turismo na Economia e cada vez menos Turismo no Orçamento de Estado”

“Turismo: que futuro queremos?”, foi assim que, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), direcionou o seu discurso, pegando no tema do 30º Congresso Nacional da Hotelaria de Portugal, que decorre desde ontem no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, e termina hoje. Nas palavras do dirigente, “encaro esta pergunta para um milhão de desafios. Porque são muitos aqueles que nos esperam”.

Nos últimos quatro, anos o Turismo “tem crescido a um ritmo verdadeiramente impressionante, como não há memória no nosso país”, refere. Para o responsável, “a Europa Portuguesa hoje não é sustentável sem o Turismo”. No entanto, “este pico de expansão, obriga-nos a olhar o futuro com responsabilidade e precaução”.

De acordo com o dirigente “não se trata de continuar a captar mais turistas para o nosso país”. Mais importante, “temos de assegurar ao Turismo a necessária sustentabilidade, reputação, qualidade, diversidade, inovação e criatividade”. O dirigente refere-se acima de tudo à importância de “garantir um aeroporto na região de Lisboa, capaz de responder a uma maior procura. Há muito que a CTP diz que tem dúvidas da abertura do Montijo 2022”. Francisco Calheiros vai mais longe e afirma que “neste momento temos dúvidas para 2023”.

Falando em “responsabilidades do Executivo”, o presidente da CTP reforça que “os Orçamentos de Estado têm, de uma vez por todas, refletir a importância do Turismo para o desenvolvimento socioeconómico do país”. Segundo o dirigente, o “Orçamento de Estado para 2019, falhou neste propósito”. E “as medidas de apoio às empresas e de estímulo ao investimento privado, ficaram muito aquém das expectativas”, acrescenta. Também a “sobrecarga fiscal” deixou as empresas com “pouca folga para investir e para crescer a médio e longo prazo”. Francisco Calheiros considera que “há cada vez mais Turismo na Economia e cada vez menos Turismo no Orçamento de Estado”.

No domínio do mercado de trabalho, o dirigente faz um apelo ao governo. “As empresas e os trabalhadores portugueses necessitam de estabilidade e merecem que o Estado lhes assegure segurança e confiança no futuro”. O responsável diz que “os acordos são para se cumprir e não para debater no espaço mediático e ao sabor de interesses que não os legítimos de quem investe e trabalha em Portugal”.

Sobre os efeitos do Brexit em Portugal, Francisco Calheiros, considera que “os abrandamentos da procura não devem ter para nós efeitos desmobilizadores”, mas exatamente o contrário. “Devem representar oportunidades a serem exploradas com criatividade e inovação”.

Em jeito de conclusão, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, deseja que Portugal no futuro “continue a ser competitivo” e em relação aos sucessos que tem tido, mantenha “uma atitude de grande humildade” e “não pensar que aquilo que já faz e faz bem continuará a ser suficiente”. Neste sentido, “todos nós temos a capacidade de alterar o nosso futuro, só depende da nossa vontade e confiança. Que o futuro nos sorria”, conclui.