As medidas que foram durante o ano anunciadas pelo atual Governo, sob a orientação do Ministério da Economia, devem ser implementadas no mais curto espaço de tempo, independentemente da “alteração do calendário político” nacional. Esta foi a principal mensagem transmitida por Raul Martins, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), na sessão de abertura do 32º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que teve hoje lugar em Albufeira.
Para o responsável, “é inegável” que a “retoma turística” já tenha começado, “foi a procura interna que alimentou o verão, não em igualdade de situações” ao longo do país. Mas lembra que “os próximos meses são complicados, até à Páscoa” e que “as dificuldades de tesouraria (das empresas hoteleiras) não terminaram”.
O presidente da AHP lança então um repto ao Governo, que diz respeito em concreto aos apoios anunciados “acerca de um mês e meio”, pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira:
– “uma nova linha de crédito de apoio à tesouraria das empresas do setor turístico no valor de 150 milhões de euros, para reforçar a oferta já existente para as pequenas, médias e grandes empresas turísticas, recordando que as linhas de crédito não chegam pois as empresas precisam de reforçar a sua tesouraria”;
– “disse ainda que o apoio à recapitalização das empresas poderia agora ocorrer, por já terem acordado as condições com a União Europeia dos apoios do Estado a essa recapitalização” e “que ainda durante este trimestre seria lançado o programa de recapitalização estratégica que apoiará a recomposição do capital das empresas através de instrumento de capital e quase capital”;
– e “o apoio à redução do endividamento ao abrigo das linha Covid, num programa que designou por Reforçar, antes de terminar os períodos de carência de capital das linhas de crédito Covid”.
Indica Raul Martins que “bem sabemos que o calendário político se alterou substancialmente, mas permita-me sublinhar que estas três medidas podem e devem sair do papel rapidamente e serem mobilizadas todas as instituições que têm os recursos e enquadramento para o efeito, a tempo de cumprir o anúncio da sua execução nos tempos prometidos.” Acrescenta o orador “que, apesar da bondade das medidas que foram sendo anunciadas, lamentamos a tardança na sua implementação, que se tem traduzido num impacto muito negativo nas nossas empresas”.
Em outra vertente, Raul Martins também salientou a resolução da questão das acessibilidades aéreas do turismo. “Quando o Governo faz um plano de crescimento turístico até 2027, sem atender à construção do novo aeroporto, não é consistente, é para dar um sinal ao mercado, mas não chega.” Para o responsável, “com as infraestruturas aeroportuárias que temos não poderemos ter mais turistas que em 2019”.