Congresso APAVT: APAVT “exige” ao Governo reativação do “Apoiar.pt” e do “Apoio à Retoma”

Sendo o setor da distribuição das viagens em Portugal um dos mais atingidos financeiramente durante a pandemia, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, na abertura do 46º Congresso APAVT, em Aveiro, salienta mesmo que o apelo ao Governo relativamente aos apoios é “com a consciência absoluta de que não estamos a pedir apoio. Estamos a exigir”. Ou seja, “teremos, finalmente, de, com absoluta urgência, planear, clarificar e apresentar um quadro coerente de apoios que leve as empresas até à Páscoa, e que as proteja no momento de maior necessidade de liquidez, o momento do regresso definitivo à atividade”.

Para o responsável, é necessário que se tenha em mente que o setor registou “desde logo, perdas absolutamente violentas, destruição dos capitais próprios, e endividamento das empresas e dos empresários, factos que representarão pesada herança nos próximos anos. Mas não apenas”. Para Pedro Costa Ferreira, “todos sabemos, há muito tempo, que os apoios (atribuídos) foram insuficientes, frequentemente tardio o momento em que ocorreram, bem como, demasiadas vezes, foram difíceis os processos administrativos de acesso aos mesmos. Mais do que isso, todos sabemos que não poderão acabar, sob pena de inutilizarmos os esforços já desenvolvidos, transformando então fundo perdido em saco roto”. Para o presidente da APAVT é pois “imprescindível que não permitamos que o setor, e com ele a capacidade de recuperação do país, morram na praia, por interrupção dos apoios necessários”. Aludindo que “dissemos logo no início da crise que, em tempos excecionais, não pode ser o orçamento a determinar o apoio à crise, é exatamente o tamanho da crise que tem de determinar o apoio do orçamento”. Complementa o orador “porque a todo o apoio que tivemos e venhamos a ter, como já referimos, juntámos as nossas perdas e o nosso endividamento. Porque todo o apoio que tivemos e venhamos a ter teve, tem e terá origem nos nossos impostos, logo no nosso dinheiro, portanto no nosso trabalho. Finalmente, porque todos sabemos que é o turismo que vai liderar a recuperação económica. Ou seja, cada euro gasto a apoiar as nossas empresas será rapidamente pago, com juros, ao nosso país”.

Em concreto, o representante da APAVT considera ser “urgente que se confirme a continuação do apoio à retoma, pelo menos até à Páscoa” e ser “crítico que se reative o programa apoiar.pt. A verdade é que o programa funcionou até abril de 2021, quando a crise se alongou até hoje, sendo que hoje, as restrições à atividade económica e à mobilidade são tão absolutamente claras, como o eram então. A diferença é que hoje, é absolutamente visível que as empresas estão ainda mais frágeis, logo, muito mais necessitadas de apoio”.

Por outro lado, Pedro Costa Ferreira reconhece que “a dinâmica de resposta à crise por parte do Governo, com todos os constrangimentos que conhecemos, foi francamente positiva em muitos momentos da crise, já tivemos oportunidade de o referir”. Mas, “infelizmente, os políticos deste país não lograram a aprovação de um orçamento, num momento tão decisivo para as empresas, colaboradores, empresários e cidadãos”, considera. Para o empresário, “este é o momento que vivemos, e é certo que, depois de tanto trabalho conjunto, de tanto diálogo, mas também de tanta dívida, de tanta perda, de tanto capital próprio destruído, nos sentimos um pouco abandonados pelos nossos políticos”. Pois, “já todos sabemos que a retoma será lenta, desigual e assimétrica; por outro lado será precisamente no momento do regresso, que as necessidades de tesouraria serão mais óbvias”. Sendo assim, considera Pedro Costa Ferreira que “este é, por outras palavras, o momento de maior risco para o setor e para a recuperação económica do país. Não sabemos dizer isto de outra forma, esperávamos dos políticos mais capacidade de entendimento, mais foco nos problemas reais das pessoas e das empresas, mais criatividade e capacidade de construção das soluções necessárias e não a emergência de uma crise política”.

Sendo assim, considera o orador que “na APAVT, seguramente nas associações congéneres, e com toda a certeza na CTP – Confederação do Turismo de Portugal, esperamos preocupados, no momento mais crítico das nossas empresas, que os políticos se organizem e construam um diálogo urgente, um orçamento credível, e um quadro de apoios capaz de manter vivas, as oportunidades de crescimento do nosso país. O tempo está a fugir”.