Dionísio Pestana, CEO do Pestana Hotel Group, foi um dos oradores da mesa redonda “Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País”, que se realizou ontem, primeiro dia do 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, no Funchal. O hoteleiro, cujo grupo assinalou em 2022 os seus 50 anos de existência, afirmou que apesar de todas as dificuldades, “vamos continuar a investir em Portugal, somos líderes de mercado e queremos continuar a investir nessa liderança”.
Dionísio Pestana recordou os primeiros 10 anos de trabalho neste setor, que admite terem sido muito difíceis, numa ilha tão pequena como a Madeira, onde o atraso era grande, o aeroporto tinha poucos anos, o turismo ainda estava a crescer, os juros estavam a 20% “e eu avancei”. E acrescenta: “senti que a Madeira, o destino, as possibilidades eram grandes bem como o futuro para a minha geração, e a partir desse momento foi sempre a crescer”.
Hoje continua a haver dificuldades e obstáculos. O maior deles, aponta o orador, é sem dúvida o Aeroporto de Lisboa, que “já atrasou muitos projetos”, garante. E esclarece que “um grupo como o nosso, com projetos em carteira, muitas vezes é quase como uma corrida de cavalos” o que o leva a investir noutros países. “Na Europa, a velocidade para aprovação de projetos e o acompanhamento é mais fácil”, lamenta, lembrando que, em Lisboa, um projeto demora quatro a cinco anos. Dá também o exemplo recente da compra do hotel em Orlando, um processo que não terá demorado mais de seis meses e que se pautou por uma “facilidade na compra e pela transparência”, algo que, em Portugal, é impossível, acusa, atrasando “muitas oportunidades de investimento”.
Dionísio Pestana continua a apostar na inovação e na diferenciação, bem como na procura de ir ao encontro daquilo que os hóspedes e o mercado pedem. Por exemplo, em Nova Iorque, os hotéis que o Grupo Pestana abriu, atualmente só oferecem a estadia e um pequeno-almoço “complimentary”, tendo optado por fechar os bares que as unidades ofereciam no sentido de reduzir custos. No campo da inovação, a cadeia hoteleira está a construir um projeto no Porto Santo, cuja primeira fase terá 220 quartos, e que terá uma estrutura totalmente em madeira, com painéis fotovoltaicos, uma nova aposta que reflete uma vontade de diferenciação. E, garante o hoteleiro, “estamos já a estudar a hipótese de fazer o mesmo mas em altura, tendo já visitado hotéis na Europa com quatro a cinco pisos, e gostava de ter essa experiência aqui na Madeira”.
Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal.
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