#CongressoAHP: “As taxas de carbono são taxas turísticas travestidas de taxas ambientais”

“Pedir dois euros a todos os passageiros que nos visitam e depois não utilizar ou fazer qualquer tipo de retorno desse valor para qualquer tipo de política indutora de transformação ou ambientalmente ligada à aviação não é uma medida responsável nem programática inspiradora ou adaptadora daquilo que deve ser”, considerou António Moura Portugal, diretor Executivo da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal, durante o 33º Congresso da Nacional da Hotelaria de Portugal, que termina hoje, em Fátima.

Num painel sobre os desafios que se colocam à aviação, entre os quais o da sustentabilidade, o responsável indica que o governo português não está a fazer a sua parte nesta vertente, “porque está a criar taxas de carbono que são taxas turísticas travestidas de taxas ambientais. Estas taxas não podem ir num saco sem fundo que é o Fundo Ambiental e depois não sabemos para onde as verbas são aplicadas. Isto é um mau exemplo”.

Relativamente à diminuição da pegada ambiental da aviação, o orador indica que a pesquisa feita aos vários CEOs das companhias aéreas indica que este trajeto será feito em primeiro lugar através do SAF (Sustainable Aviation Fuel), numa transição para o uso de hidrogénio. Por outro lado, a redução de emissões prosseguirá através de um redesenho de aeronaves e um redimensionamento e utilização de aeronaves que recorram a outro tipo de energia, o que implicará um esforço maior dos envolvidos. Outra vertente nesta lógica será através de uma maior eficiência da gestão do tráfego aéreo, mas que terá um impacto menor. De acordo com António Moura Portugal, “o desafio vai ser colocado a todos os stakeholders, as companhias já estão a fazer esse investimento, temos visto aquisições enormes e pré-encomendas de aeronaves capazes de produzir menor ruído e que permitirá uma operação ambientalmente mais sustentável. É um caminho lento, que vai demorar, que vai exigir investimento”.

Por Pedro Chenrim, em Fátima.