A hotelaria ainda é um negócio recente no Grupo AFA, fundado em 1981, que adquiriu a marca Savou em 2015, herdando assim uma história de quase 100 anos. Mas Ricardo Farinha, administrador da Savoy Signature, a marca adotada pelo grupo para o negócio hoteleiro, garante: “Sinto-me com a confiança de não estar tão apegado à forma tradicional de pensar hotelaria, de ser uma voz de alguma dissidência, que traz um pensamento diferente”. Isso mesmo afirmou este jovem gestor na mesa-redonda “Evolução e Inovação na Hotelaria: Da História à Visão de futuro na Madeira e no País”, que se realizou ontem, dia 21 de fevereiro, no 34º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, que decorre até amanhã, no Funchal. Além disso, assegurou também que “na empresa, temos ativos humanos que complementam a minha falta de anos no setor”.
Atualmente com sete unidades hoteleiras, a Savoy Signature acaba por ser mais reconhecida pelos hotéis do segmento de luxo – como o Savoy Palace e o The Reserve -, embora cada um tenha um conceito diferenciado. E aqui o gestor explica de que forma procura o grupo lidar com o hóspede de luxo, dizendo desde logo que “as expectativas dos clientes de luxo são as mesmas” dos outros hóspedes. Mas acredita que éimportante perceber essencialmente quais são as expectativas do mercado “para não sermos nós a criar produto e o «empurrarmos» para o mercado, mas sim respondermos às necessidades do cliente”. Isto assegurando sempre “a autenticidade da Madeira no nosso serviço”. Para que o trabalho seja facilitado, o empresário afirma que é fundamental falar com os agentes do setor, os agentes de viagens e os próprios clientes, criando produto e serviço que responda às expectativas.
Concentrando-se no destino Madeira, Ricardo Farinha assume que tem havido sempre “um grande alinhamento com a estratégia de promoção do destino e a aposta em mercados diversificados para responder à nova procura, sobretudo depois da pandemia”. O orador admite que numa fase inicial da pandemia sentiu “um embate grande” mas esclarece que “a Madeira soube aproveitar bem esta nova fase de turismo”, garantindo que “apesar da pandemia, conseguimos maximizar o rendimento desta procura”.
Mas não nega algumas dificuldades na área comercial e também de promoção do destino, sobretudo em alguns mercados, como é o caso dos EUA, “mercados que estão mais dispostos a pagar mais pela experiência do turista”. O que acontece é que, nestes mercados, segundo o gestor, “não há ainda um reconhecimento grande do destino”, apelando a que se faça “um grande trabalho de apresentação do nosso produto e valências do destino”.
Em termos de contexto, Ricardo Farinha lembra que, nos últimos anos, se verificou um aumento das tarifas hoteleiras que resultaram da qualificação com que os hotéis foram dotados. Conseguiu-se assim, explica, colmatar o aumento dos encargos financeiros que possam ter surgido, e para os quais não tem qualquer previsão sobre quando irão diminuir.
O administrador da Savoy Signature frisa que outra questão é que se perdeu a atratividade para o turismo junto das gerações mais jovens. E sublinha que hoje “com a falta de atratividade da profissão, a forma que temos de trazer pessoal é o aumento de salários ou recorrer a capital humano imigrante”.
Por Inês Gromicho, no Congresso da AHP, no Funchal
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