#CongressoAPAVT: Portugal pode posicionar-se para captar mercado a destinos mais caros

No segundo dia do 47º Congresso da APAVT, que decorre em Ponta Delgada, até dia 11, os “Grandes desafios do turismo português” foi o tema do primeiro painel, moderado por Carlos Baptista, administrador da Bestravel. Eduardo Caetano, diretor executivo da Portimar, foi um dos oradores desta sessão, e admitiu uma realidade que nos espera: o custo de fazer férias vai aumentar e o poder de compra das famílias vai diminuir, não só em Portugal mas também nos nossos mercados emissores.

Mas, garantiu o responsável, isso não tem que ser forçosamente mau para Portugal. Há estudos internacionais que apontam para que as pessoas não vão deixar de fazer férias, simplesmente vão reduzir o seu orçamento. E “Portugal pode posicionar-se aqui”, frisa. Tendo em conta os nossos mercados concorrentes, como França, Itália ou até mesmo Caraíbas, Tailândia, que são mercados naturalmente mais caros, Portugal pode vir a ser uma opção para essas famílias. “Temos uma proximidade com estes mercados emissores, estamos muito bem posicionados a nível de marca e de destino”, argumenta Eduardo Caetano.

“Temos uma proximidade com estes mercados emissores, estamos muito bem posicionados a nível de marca e de destino”, argumenta Eduardo Caetano.

Fazendo uma análise mais global, o responsável lembrou que, entre janeiro e setembro, segundo os números do Turismo de Portugal, o país registou 155 milhões de dormidas, dos quais 36,5 milhões do mercado internacional, ou seja, cerca de dois terços. Claro que há regiões mais expostas a este mercado internacional, como o Algarve, a Madeira e Lisboa, com taxas de 70% ou mais de exposição ao mercado internacional.

No Algarve, este ano, mercado em relação ao qual a Portimar é altamente conhecedora, entre janeiro e setembro, as dormidas internacionais atingiram os 11,5 milhões. E destes, 4,3 milhões são do Reino Unido, logo cerca de 40%, seguindo-se o alemão com 1,2 milhões.

A nível nacional, o mercado britânico continua a ser o principal mercado, mas logo a seguir temos Espanha e Alemanha, França e EUA. Por exemplo, o mercado norte-americano, neste momento, é o maior na zona de Lisboa, refere Eduardo Caetano. E face a 2019, cresceu 22%.

Relativamente ao Algarve, a estratégia é ter uma maior proximidade junto aos agentes económicos e operadores, bem como ações no terreno. O representante da Portimar considera também importante trabalhar os operadores de média dimensão, na capacitação da marca Algarve. A nível das companhias aéreas, a principal preocupação é manter as rotas atuais.

Eduardo Caetano refere ainda que os ativos estratégicos que definem a região do Algarve, como o sol e praia, o clima e o mar, têm que ser explorados a nível da promoção, e apesar de estarem já no plano estratégico, “ainda há espaço” para explorar o sol e praia, por exemplo. Os mercados de longo curso já estão a ser trabalhados também, assegura, e isto não só a nível do Algarve, mas das outras regiões, que têm mantido um forte contacto com operadores especializados. O responsável diz mesmo que, no Algarve, a procura de hotéis 5 estrelas já “muitíssimo superior a 2019”, havendo uma forte recuperação. Mas há que estruturar bem a oferta, considera, até porque há outros segmentos, sendo que tudo isso “leva tempo, implica a colaboração entre os municípios”, acreditando que “estamos no caminho para combater a sazonalidade”.

Por Inês Gromicho, no 47º Congresso da APAVT, em Ponta Delgada.