“Conseguimos mudar a nossa agulha de um registo de sobrevivência para um registo de vivência”

Esta foi uma das mensagens que Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, quis deixar hoje na sessão de abertura do IX Congresso da Apecate, que se realiza até amanhã, em Peniche. A governante recorda que “falamos que queremos ganhar o futuro, mas temos que ganhar o presente”, e dá nota dos avanços significativos no processo de vacinação, com perto de metade da população portuguesa com uma dose da vacina (acima da média da União Europeia) e cerca de 25% da população totalmente vacinada. “Esta estabilidade a nível da vacinação permitirá que tenhamos confiança em retomar o turismo”, acredita.

A responsável fez questão de sublinhar o “esforço evidente” do ministério da Economia no sentido de garantir a manutenção dos postos de trabalho do setor, e exemplificou avançando com alguns números: as ofertas de emprego no alojamento e restauração aumentaram mais de 100% em abril; e a nível da taxa de desemprego, se no início de 2020 se situava nos 6,6%, hoje está nos 7,2%. “Todos estes dados, juntando o dado da poupança, levam-nos a crer que a situação mais difícil já passou e a acreditar que estamos prestes a ganhar o presente”, conclui Rita Marques, garantindo que “uma parte difícil da equação já está resolvida”.

Por outro lado, a secretária de Estado do Turismo disse à plateia deste congresso que também tem sido feito um esforço no que diz respeito aos apoios, destacando aqui o programa Apoiar, que “ventilou mais de 1000 milhões de euros para as empresas”. No caso da animação turística, a responsável recorda que os apoios rondaram os 200 milhões de euros (100 milhões a fundo perdido), e no caso da organização de eventos os apoios foram superiores a 120 milhões de euros (80 milhões a fundo perdido). “A nossa agenda passa a ser a vivência e já não tanto a sobrevivência”, reconhece.

Debruçando-se sobre o futuro, Rita Marques lembra o lançamento do Plano Reativar o Turismo/Construir o Futuro, cujo pilar fundamental assenta nas empresas do setor. Salienta pois que a prioridade é a capitalização das empresas, garantindo que possam retomar a sua atividade. E, evidenciando que o setor da animação turística é caracterizado por trabalhadores independentes e empresários em nome individual, a governante explica que também aqui foi feito “um esforço importante, com medidas específicas para permitir que estes possam ter um quadro favorável à manutenção da sua atividade”.

Respondendo à crítica de António Marques Vida, presidente da direção da Apecate, no seu discurso de abertura do congresso, Rita Marques sublinha que “há várias medidas de estímulo ao consumo e parece-me desadequado reduzir à medida do IVAucher”. E lembrou que o plano recém-apresentado conta com um pilar que assenta em gerar negócio, com várias medidas, entre as quais o IVAucher, mas outras que “são importantes para as empresas de animação turística e organização de eventos”. E salienta ainda que o facto de não estarem diretamente contempladas no programa do IVAucher “não significa que não possam celebrar parcerias adequadas para poderem usufruir desta medida”.

Por fim, a governante faz questão de referir todo o trabalho que tem vindo a ser feito no que toca aos setores da animação turística e da organização de eventos, onde existe mesmo um grupo de trabalho que já tem resultados a nível de alguns dos constrangimentos que a Apecate identificou desde o início. “Foi feito um levantamento, análise e identificação de todos os constrangimentos da atividade”, garante Rita Marques. E adianta que o trabalho a nível das áreas protegidas, por exemplo, ficará concluído em breve, e o grupo está a trabalhar num guia orientador das atividades de praia, além de formas de resolução dos constrangimentos das empresas marítimo-turísticas. Além disso, tem havido uma aposta na formação e um esforço evidente por parte das escolas do Turismo de Portugal no sentido de reforçar as temáticas da natureza e da aventura, numa parceria consolidada com a Apecate. A responsável lembra que ainda recentemente foi incluído, na oferta de algumas escolas, nomeadamente Coimbra, Setúbal e, mais recentemente, Vila Real de Santo António, a oferta de módulos formativos nestas áreas. Em elaboração está ainda um guia de boas práticas de sustentabilidade para a animação turística e eventos.

“Cerca de 48% das medidas do Plano (Reativar Turismo/Construir Futuro) já estão em curso”, assegura Rita Marques, que lembra que havendo um plano ambicioso há agora que o “saber executar” e, para isso, “precisamos do envolvimento do Turismo de Portugal, das Entidades Regionais de Turismo, das associações empresariais”, diz. A governante não tem dúvidas de que “é importante melhorar a comunicação mas importa relevar o papel das associações no sentido de tranquilizar associados e operadores económicos, estabelecendo o contacto ágil com a secretaria de Estado do Turismo para esclarecer” qualquer questão ou decisão saída do conselho de ministros.