Conselheiro Ambitur: “A conta de exploração das empresas irá sofrer o impacto de encargos financeiros maiores”

Numa altura de incertezas quanto aos próximos tempos na economia europeia e de como o turismo irá reagir, a Ambitur.pt ouviu alguns dos seus Conselheiros no sentido de perceber de que forma perspetivam o momento presente e futuro. Começamos por Bernardo Trindade, administrador do PortoBay Hotels & Resorts, ex-secretário de Estado do Turismo e atual presidente da AHP – Associação de Hotelaria de Portugal.

O cenário de juros altos nos próximos anos obriga a um novo paradigma de gestão?

Admitindo que dificilmente viveremos novamente um cenário de taxas de juro negativas, a conta de exploração das empresas irá sofrer o impacto de encargos financeiros maiores com direta implicação ao nível do resultado. A receita – excessiva do meu ponto de vista – que o BCE está a promover do lado da procura para reduzir a inflação, espero que se traduza a prazo numa redução das taxas de juro.

Na sua opinião, aproxima-se um cenário de retração económica na Europa?

A indefinição em torno da guerra, o aumento da inflação e das taxas de juro são sinais que condicionam a economia. Países como a Alemanha carregam na sua história os efeitos maléficos de uma inflação elevada. Daí que toda esta realidade deve ser objeto de acompanhamento por parte das entidades responsáveis: comissão europeia, BCE…

Se, por um lado, há consequências ao nível dos mercados europeus, quais poderão ser as consequências ao nível dos mercados fora da Europa?

A política de taxas de juro do FED é menos conservadora que o BCE pelo que, do lado da procura, é de esperar a manutenção do comportamento positivo dos EUA, do Canadá…

O turismo tem-se mostrado resiliente em períodos de dificuldade económica. Este facto permite encarar com maior normalidade o futuro do turismo nacional no que diz respeito aos mercados externos?

Recordar que a pandemia não foi há 20 anos, mas há dois anos…passámos por uma crise sem precedentes com hotéis fechados e com clientes e colaboradores em casa. Os balanços das nossas empresas sofreram muito. A recuperação aconteceu este ano e meio mais rapidamente do que prevíamos, também em resultado do trabalho realizado por todas as instituições do turismo. Vamos aguardar. Os sinais ainda são ténues, quando temos uma guerra a decorrer e quando os sinais de recessão pairam no ar…