A Ambitur está a auscultar os seus Conselheiros no sentido de saber se já poderemos ter uma perspetiva de retoma do setor turístico em Portugal, e na Europa, e de que forma essa retoma poderá realizar-se. José Theotónio, presidente da comissão executiva do Pestana Hotel Group, dá-nos a sua perspetiva.
A evolução do atual contexto pandémico em Portugal – onde se implementa já a vacinação e se verifica uma diminuição do número de infetados – poderá levar a uma previsão remota da retoma da atividade turística a partir de maio/junho deste ano? Será esta uma retoma homogénea na Europa?
No nosso cenário a retoma começa entre maio e junho mas com base nos mercados internos ou de proximidade (portugueses, espanhóis e eventualmente alguns franceses que habitualmente já visitavam Portugal).
No segundo semestre, se a evolução continuar a ser positiva, acredito que já possamos começar a ter outros mercados, designadamente europeus. Não atingiremos os níveis habituais mas se a evolução da pandemia for positiva acreditamos que se comece a sentir a recuperação da atividade turística nos destinos portugueses. A retoma ocorrerá ao ritmo da evolução da pandemia nos diferentes destinos, mas no verão haverá uma maior procura pelos destinos de Sol e Praia, ou do interior, e as cidades reagirão de forma mais lenta.
Quais deverão ser os pilares da retoma da atividade turística, assegurados por parte do Governo português e da União Europeia? Isso está a ser trabalhado, no seu entender?
O pilar da retoma é a confiança. Confiança para consumidores, colaboradores que trabalham na atividade turística e comunidades locais. Para ganharmos e reforçarmos esta confiança era importante ter um plano com regras sobre os comportamentos que serão exigidos, em função da evolução da pandemia em cada destino turístico e mercado de origem e a situação de cada viajante (ex. vacinados ou não, com testes PCR ou de imunidade à doença ou não) nos aeroportos, nos aviões (pelas diferentes companhias de aviação) e condicionalismos relacionados com testes e quarentenas nos destinos turísticos e no regresso a casa.
Está o tecido empresarial turístico português preparado para uma eventual retoma turística nos próximos meses? Quais serão as suas principais debilidades?
Os destinos portugueses querem estar, a maior debilidade para além de terem de lidar com a incerteza e a falta de planeamento é a saúde financeira das empresas e dos seus colaboradores na altura da reabertura do mercado. Muitos têm ou terão muita dificuldade em chegar à data da retoma.
Nota: A Ambitur conta, desde março de 2020, com um conjunto de Conselheiros que partilham connosco as suas visões sobre questões da atualidade no setor do Turismo. Os nossos Conselheiros Ambitur são, neste momento: Jorge Rebelo de Almeida (CEO da Vila Galé), José Theotónio ( presidente da comissão executiva do Pestana Hotel Group), Manuel Proença (presidente do Grupo Hoti Hotéis), Miguel Quintas (CEO do Consolidador.com), Frédéric Frère (CEO da Travelstore), Vítor Filipe (presidente da TQ Travel Quality e ex-presidente da APAVT), Raul Martins (presidente da AHP e do conselho de administração do Grupo Altis), Francisco Teixeira (CEO da Melair Cruzeiros), Luís Alves de Sousa (sócio gerente do Hotel Britania e ex-presidente da AHP), Bernardo Trindade (administrador do PortoBay Hotels & Resorts e ex-secretário de Estado do Turismo), José Lopes (diretor da easyJet em Portugal), Eduardo Jesus (secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira), Francisco Pita (CCO ANA Aeroportos), José Luís Arnaut (presidente-adjunto da Associação Turismo de Lisboa), Cristina Siza Vieira (presidente executiva da AHP), Mafalda Bravo (Country Manager Portugal Ávoris) e Maria João Rocha de Matos (diretora geral FIL e CCL).