Conselheiro Ambitur: São urgentes “medidas que permitam garantir a retoma sustentada do transporte aéreo a tempo do próximo verão”

Saber de que forma é percecionada a estratégia de uma retoma do setor turístico, a nível nacional e europeu, é um dos objetivos da Ambitur. Francisco Pita, CCO da ANA – Aeroportos de Portugal, e Conselheiro Ambitur, deixa-nos a sua visão também sobre o posicionamento de Portugal e os obstáculos que terá de superar.

Tem Portugal, e a União Europeia, atualmente uma estratégia institucional para uma eventual retoma da atividade turística ou este é o momento de a definir? Quais deveriam ser os pilares da mesma?
Penso que existe convergência sobre o que é necessário fazer: Assegurar a reabertura gradual e coordenada das viagens e do turismo garantindo a proteção sanitária dos turistas e da população em geral, logo que a situação sanitária o permita.

Neste momento o que se torna urgente é agir. Colocar medidas no terreno que permitam de forma coordenada, consistente e rápida garantir a retoma sustentada do transporte aéreo com efeitos práticos a tempo do próximo verão.

Europa é o principal destino turístico do mundo. O turismo está no centro de um enorme ecossistema de empresas que contribuem substancialmente para a economia europeia. Mas devemos ser pragmáticos – o transporte aéreo é a pedra angular da atividade turística. A Europa perdeu cerca de seis mil rotas aéreas desde o início da pandemia. Não haverá uma retoma da atividade turística na Europa sem o levantamento das restrições à livre circulação e o restabelecimento do transporte aéreo.

É fundamental conseguir um rápido consenso para implementar práticas de facilitação sanitária comunitárias que permitam que as pessoas voltem a viajar controlando o risco. Temos de passar da abordagem de risco global e encerramento global para uma abordagem de abertura com avaliação do risco individual. Sem isto não será possível retomar o transporte aéreo.

Como deve Portugal posicionar-se no curto prazo, antevendo uma retoma da atividade turística? Há, por outro lado, uma necessidade de um trabalho conjunto entre o tecido empresarial?
Para um país periférico, como Portugal, a relação entre a conectividade aérea e o turismo é ainda mais importante.

A experiência do último ano demonstra que as pessoas querem voltar a viajar e confiam no transporte aéreo. Também demonstra que o nosso produto turístico se continua a afirmar pela qualidade e exclusividade. Mas não é possível pensar em retoma da atividade turística em Portugal sem transporte aéreo.

Nesta fase entendo que devemos ser, acima de tudo, um promotor ativo de medidas que suportem a reposição do transporte aéreo. Contribuir com propostas que permitam, de forma segura, mas célere, reduzir ou levantar as atuais restrições às viagens na Europa.

Decorre a discussão em diferentes fóruns sobre a combinação entre “certificado de imunidade” e testagem, e a forma como isso pode permitir o levantamento das restrições à mobilidade, com base na avaliação dos riscos individuais, à medida que o processo de vacinação avança no espaço europeu. É importante insistir na rapidez de implementação porque o verão está à porta.

Quais os entraves que considera ser necessário mitigar para que não haja barreiras a esta retoma da atividade turística no país?
Como referi, em minha opinião, a grande barreira à retoma do turismo neste momento são as limitações à mobilidade e, concretamente, ao transporte aéreo. Mas o turismo é uma atividade global. Não há soluções unilaterais. O levantamento das barreiras tem de ser feito a nível internacional, primeiro europeu e depois mundial.