Conselheiro Ambitur: “Tenho fé que vamos sair melhor da crise do que hoje estamos a pensar”

A Ambitur.pt partilha consigo o que os gestores turísticos têm a dizer sobre três questões que atualmente impactam o dia-a-dia destes profissionais.

Miguel Quintas, CEO do Consolidador.com, é mais um Conselheiro Ambitur que nos deixa a sua visão.

De que forma pode uma crise tornar-se uma oportunidade?
Peter Drucker ensinou-nos e a história comprova que a melhor forma de prever o futuro, é criá-lo. Ontem e hoje nada muda. Para aqueles que hoje são mais serenos, com uma visão clara do futuro e da sua estratégia, com maior capacidade de disporem de meios humanos, económicos e financeiros durante e depois da crise… esses serão seguramente beneficiados com oportunidades. Adicionalmente, outros tipos de oportunidades também irão surgir para aqueles que melhor se adaptarem neste curto espaço de tempo que, esperamos todos, durará esta crise atual.

A nível nacional, acredito que o empresário Português tem no seu ADN uma capacidade de enorme adaptação. Por tal, tenho fé que vamos sair melhor da crise do que hoje estamos a pensar. A necessidade aguça o engenho. Nunca a frase do nosso poeta teve tanta aplicação nos dias em que vivemos e em particular, no nosso setor, de longe o mais afetado.

Será possível, neste contexto, pensar-se o amanhã?
Sim. Deve-se sempre, em qualquer ocasião, pensar o amanhã. Por mais desesperada que seja a situação. Deixar de pensar pode significar a morte dos empresários. Não agir é morrer. Ao dia de hoje, qualquer empresário já tem que ter traçado dois, três, quatro planos de contingência. Tem que saber os números vitais da sua empresa de cor. Tem que saber qual o caminho que a sua empresa vai seguir. E tem que o fazer considerando sempre a sua realidade futura e preparando-a já a partir de hoje. Os impactos económicos e financeiros. Os recursos humanos. Os sistemas que tem e que precisa de ter. Todas as centenas ou milhares de variáveis de gestão têm que estar presentes a cada momento, a cada decisão que se toma. Porque as decisões de hoje terão n vezes mais impacto na realidade de amanhã.

O que os gestores turísticos não devem esquecer?
Os gestores turísticos não devem esquecer três coisas: Em primeiro lugar que tudo passa. Em segundo lugar: Que vamos aprender muito ao nível da gestão, da economia, da responsabilidade social da empresa (com a sociedade e com os trabalhadores) e na confiança com quem interagimos. E em terceiro lugar: Que em definitivo trabalhamos a uma escala global.

Hoje em dia, quando um empresário lança uma empresa, casa-se com o mundo. Com a economia local e global, com os parceiros, com os clientes, com os recursos humanos, com a tecnologia, com tudo o que nos rodeia. Esta crise ensina-nos que um pequeno vírus na China também passou a ser um problema “meu” e não apenas algo longínquo que não nos afeta. A ferocidade do egoísmo económico vai ser impactada de alguma forma. E portanto, olhar apenas para dentro e sermos os melhores para os meus pares vai passar a ter outro contexto à escala global. Penso que os governos e empresas quem entenderem isso e atuarem em conformidade estarão mais preparados para os próximos desafios.