#ConselheiroAmbitur: “Não devemos perder a oportunidade de mudar o atual modelo de gestão das agências de viagens”

O setor do turismo está a retomar, gradualmente, alguma da sua atividade. Ambitur.pt quis saber, junto dos Conselheiros Ambitur, que alterações se podem prever no que diz respeito ao produto turístico e à distribuição, bem como quais as oportunidades com que o mercado se depara no atual contexto. Francisco Teixeira, CEO da Melair Cruzeiros, partilha connosco a sua visão.

Que mudanças pode trazer o atual contexto na distribuição/ comercialização do produto turístico em Portugal?
Sendo o nosso país economicamente frágil e passando por duas crises em tão curto espaço de tempo, é de antever que a capacidade de compra das famílias e em consequência o tecido empresarial, no curto e médio prazo, venham a ser suficientemente afetados para que provoque alterações no modelo de distribuição atual. Não sei bem que alterações vamos assistir, mas será previsível que o consumidor venha também a alterar o seu comportamento, e a capacidade do online vem abrir excelentes oportunidades de interação com o consumidor para a atual distribuição “física”, com potencial redução de custos considerável. Acho que não devemos perder a oportunidade de tentar mudar o atual modelo sustentado no volume para um modelo comercialmente sustentável e com base numa consultadoria de valor reconhecido pelo consumidor. Inclusive, sou da opinião que o próprio consumidor ganharia com isso, e que seria possível repor ou mesmo aumentar o volume de negócios das agências de viagens com maior controlo de custos.

Há oportunidades para consolidações no mercado?
São opções empresariais que só a cada empresa compete avaliar das suas vantagens e interesses. Perante o atual tecido empresarial, não prevejo que venha a acontecer, pelos menos em escala. Como defendo um modelo comercialmente sustentável e com base na consultadoria, considero a consolidação interessante se tiver como base estes fatores, para além das normais sinergias de custos. As agências de viagens prestam um serviço brutal, mas acredito ser importante ganhar esse reconhecimento, que permita bases sólidas ao setor.

Este é um momento que pode ser encarado para um maior profissionalismo na gestão das empresas?
Penso que todos os gestores de empresas foram colocados à prova com o momento que estamos a passar, e forçosamente, todos estarão a encarar o futuro com uma necessidade de mudança do modelo de gestão atual das agências de viagens. Sou defensor de um modelo que acima descrevi, mas considero que não é por uma questão de mais ou menos profissionalismo, mas sim de uma necessária revitalização do setor.

O que não ficará como dantes?
A sociedade, e em consequência, a forma como vendemos, compramos e consumimos.

Que mudanças ao nível internacional se apercebeu e considera que poderão ter impacto em Portugal, na distribuição/ comercialização turística?
Apenas vou tendo conhecimento relativo dentro da minha área de negócios, e ainda é muito cedo para ter uma opinião. É de esperar que mais adiante tudo volte a uma normalidade, e o tempo dar-nos-á as indicações necessárias para adaptarmos a nossa distribuição a uma nova realidade que não evitará ou limitará que as pessoas continuem a viajar.