Covid-19 poderá ter impacto de mil milhões de euros na economia regional da Madeira

A Associação de Promoção da Madeira não tem dúvidas de que atravessa “o período mais difícil da nossa história enquanto destino turístico” em pleno surto de Covid-19. É um “ato heróico” fechar as portas de um destino que sempre foi “aberto ao mundo” mas é também o momento certo de se preparar para o momento em que se há-de “ressurgir” como um dos mais importantes destinos turísticos a nível mundial. 

O diretor executivo da AP Madeira, Nuno Vale, esteve à conversa com a Ambitur.pt a propósito do momento dramático que o setor do Turismo vive e contou-nos a sua experiência na Região Autónoma da Madeira, considerada por várias vezes o Melhor Destino Insular do Mundo. “Todos os dias somos postos à prova na nossa capacidade de resiliência, de gestão e de lidar com o imprevisto”, assegura, e o objetivo agora é “manter a comunicação com os mercados” e “capacitar-nos para o momento da retoma da confiança”. Nesse sentido, o responsável adianta que de momento a missão da AP Madeira divide-se em três níveis:

– Apoiar os seus associados a “navegar” neste período de emergência e a fazer a “ponte” com operadores turísticos, companhias aéreas e outros players do mercado, para possibilitar o repatriamento de turistas;

– Disponibilizar informação permanentemente atualizada acerca da evolução da situação em Portugal e nos mercados emissores, do ponto de vista sanitário, económico e de dinâmica turística;

– Divulgar toda a informação referente a apoios fiscais e financeiros e de capacitação das organizações, de forma a que as empresas tenham o máximo de informação possível dos instrumentos ao seu dispor para mitigar os efeitos da crise.

A importância da recuperação dos mercados emissores

O impacto da pandemia Covid-19 no Turismo da região é difícil de prever pois “há ainda muita incerteza quanto à duração desta crise”, refere Nuno Vale. No entanto, a Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM) estima um impacto global na economia regional de mais de 1.000 milhões de euros. O turismo tem um peso de 25% no PIB da região pelo que “estamos a falar de um impacto extremamente expressivo”, alerta o diretor executivo da AP Madeira.

Nuno Vale explica que “com unidades fechadas não há faturação mas os custos fixos e obrigações legais continuam a existir e a ter que ser liquidados”. Daí a “extrema importância” das medidas de apoio às empresas, sobretudo ao setor turístico, que vão sendo implementadas pelos governos e que é importante que “cheguem rápido ao terreno” para garantir que as empresas “resistam a este período de hibernação e relançar-se quando no mercado quando a situação normalizar”.

Além disso, é igualmente importante o “apoio às estruturas de dinamização do setor turístico” e a “recuperação dos mercados emissores” a uma escala europeia e mundial. O responsável defende que: “Mercados emissores social e economicamente saudáveis e em recuperação rápida, serão essenciais para que o destino possa recuperar rapidamente o fluxo de turistas.”

Nuno Vale reflete ainda que “a história recente diz-nos que o setor do turismo é o primeiro a entrar nas várias crises mas também o primeiro a sair delas”. Apesar da situação do Covid-19 ser “diferente de todas as crises”, mantém a esperança que passe a pandemia não se prolongue e que o turismo recupere. “É essa a mensagem de otimisto e tranquilidade que temos de passar”, transmite.

Depois da pandemia, a Madeira será um dos destinos mais procurados

A AP Madeira acaba de lançar a campanha “Stay home now. Dream online. Visit us later!” que funciona, simultaneamente, para sensibilizar para a importância de ficar em casa e como mensagem de “esperança no futuro”. Ficar em casa é também proteger os destinos e “por muito difícil que esta medida seja para um destino turístico é nossa obrigação apelar à responsabilidade cívica”, admite o diretor executivo. Mas estar em isolamento é também “contra-natura”, reconhece a Associação, pelo que é importante “devolver esperança às pessoas e permitir-lhes continuar a sonhar” online.

Assim que as “fronteiras reabrirem”, Nuno Vale considera que a Associação terá de “ter a capacidade de voltar a captar turistas para a Madeira e Porto Santo” e acredita que “os turistas vão retomar a confiança de uma forma gradual” e privilegiando destinos mais próximos. Com a sua proximidade geográfica e características exóticas, o responsável considera que “a Madeira fará parte dos destinos mais procurados pelos europeus”.