A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) estima “perdas superiores a 70 mil milhões de euros nas receitas com passageiros para as companhias aéreas europeias em 2020”, que são das mais “afetadas do mundo pela pandemia de Covid-19”, noticiou a Agência Lusa.
“Estimamos uma perda nas receitas com passageiros de 76 mil milhões de dólares [pouco mais de 70 mil milhões de euros] este ano para as companhias aéreas na Europa”, declarou o vice-presidente regional para a Europa da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA, na sigla em inglês), Rafael Schvartzman.
Em declarações aos jornalistas numa teleconferência sobre o impacto económico da pandemia para o setor aeronáutico europeu, o responsável indicou que nesta que é “uma crise sem precedentes para o setor” há transportadoras aéreas europeias “que só terão dinheiro disponível para uma suspensão [das suas operações] por dois meses”. Mas “há outras companhias que poderão nem ter isso disponível”, destacou.
Segundo Rafael Schvartzman, uma vez que a Europa é o centro da pandemia “será, certamente, um dos continentes mais afetados por perdas no setor da aviação”, juntamente com o asiático. “Nunca vimos uma crise como esta e, por isso, acreditamos que este é o momento de os governos apoiarem o setor”, instou o responsável, apelando para ajudas diretas dos Estados às companhias aéreas.
Já falando sobre a anunciada suspensão das regras da União Europeia (UE) entre março e outubro no que toca à atribuição dos ‘slots’ às companhias aéreas, dando mais flexibilidade na utilização destas faixas horárias de descolagem e aterragem, Rafael Schvartzman saudou as medidas adotadas pela Comissão Europeia.
Ainda assim, incentivou a mais mexidas temporárias nas regras comunitárias, dada esta “situação excecional”, que a seu ver devem passar a permitir que, em vez de reembolsos aos passageiros, as companhias aéreas possam atribuir ‘vouchers’ com o valor pago pelos clientes com voos cancelados, o que já acontece nalgumas companhias aéreas. “A ideia de dar os ‘vouchers’ é porque, de outra forma, estas empresas não terão dinheiro disponível para manter o seu negócio”, explicou Rafael Schvartzman.
O vice-presidente regional para a Europa da IATA admitiu ainda que, sem apoios governamentais ou institucionais, “será muito difícil para as companhias sobreviverem. E não estamos só a falar das que já são frágeis, estamos também a falar das que vão sair vulneráveis desta crise”.
A IATA agrega 290 companhias aéreas, que representam 82% do tráfego mundial.