Covilhã discute o turismo interno em 9.ª edição do “Vê Portugal”

A cidade da Covilhã recebe, entre os dias 29 e 31 de maio, a 9.ª edição do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, uma iniciativa do Turismo Centro de Portugal que procura debater a importância e os desafios do turismo interno.

Depois de ter percorrido as seis capitais de distrito do centro de Portugal, esta edição do “Vê Portugal “vem para a Covilhã numa estratégia de descentralização” que contribui “para a discussão e a importância do mercado interno”, referiu Pedro Machado, presidente do Turismo de Portugal, na sessão de apresentação realizada esta terça-feira, 14 de março, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã.

A sessão contou ainda com a participação de José Miguel Oliveira, vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Jorge Loureiro, vogal da Comissão Executiva do Turismo Centro de Portugal, e Adriana Rodrigues, chefe do Núcleo de Comunicação, Imagem e Relações Públicas da Turismo Centro de Portugal.

Na sua intervenção, Pedro Machado elencou várias razões que contribuem para a importância de constituir este fórum há nove anos, e que provam a necessidade de discutir mais o mercado interno.

Segundo o responsável, em 2022, o centro de Portugal registou 4.409 milhões de dormidas de residentes e 2.710 milhões de dormidas de não residentes. A esta estatística, acresce o facto de o mercado interno, “nos exercícios económicos de 2020 e 2021” ter permitido “almofadar aquilo que foram os impactos diretos e indiretos da pandemia”.

Tanto é que em 2022, “em que praticamente se nivelou o número de dormidas face a 2019”, a maioria das dormidas se deveu “à componente do reforço do mercado interno”, argumentou Pedro Machado.

O número de dormidas e hóspedes, bem como o facto de ter sido o mercado interno a alavancar a recuperação turística e económica da região centro do país, levaram inclusive o Turismo Centro de Portugal a transpor “dispositivos” de sucesso para 2023.

Ainda assim, Pedro Machado notou que “Portugal ainda tem um grande caminho a fazer do ponto de vista do reconhecimento do mercado interno”. Por isso se justifica a discussão da importância deste mercado.

Exemplo disso é a experiência turística do centro do país, que a 9.ª edição do “Vê Portugal” pretende debater e qualificar. A experiência começa na estruturação do produto, não apenas o clássico, mas “muito em particular os produtos turísticos de fazer hoje parte da panóplia da oferta Portugal”. É aquilo que, para Pedro Machado, transforma a oferta “numa oferta cada vez mais diferenciadora e simultaneamente singular”.

No trabalho de aproximação daquilo que é “a rota estratégica do turismo”, Pedro Machado salientou que “há muito em que o turismo interno ainda pode ajudar” no sentido de qualificar a experiência turística, desde a definição ao acesso aos produtos.

“A diversidade que os vários polos turísticos oferecem” é outro ponto em discussão no “Vê Portugal”. O presidente do Turismo Centro de Portugal garantiu que o Fórum de Turismo Interno procurará reposicionar “o foco sobre a perceção daquilo que significa o interior”.

A pandemia “abriu janelas” sobre a perspetiva dos territórios de baixa densidade populacional, salientou o responsável, que assegurou que “o mercado reconheceu a oportunidade e a alternativa aos destinos ‘clássicos’”.

A qualificação desta região está em crescimento, e os dados apresentados por Pedro Machado no início da sua intervenção são a prova disso. O Interior tem territórios que, afinal, não têm “menos potencialidade do que os ‘territórios maduros’, turisticamente falando”.

O mercado interno tem uma importância significativa para o turismo do centro de Portugal. Mais ainda se tivermos em conta aquele a que Pedro Machado chamou de “mercado interno alargado”, uma soma que o responsável faz do mercado nacional “com os 50 milhões de espanhóis e os 87 milhões de turistas internacionais que chegam a Espanha”.

Esta quota ibérica que, de acordo com o presidente do Turismo Centro de Portugal, representa, “perto de 200 milhões de consumidores”, merecerá uma discussão “muito séria”, porque é um mercado disponível todo o ano e que reconhece e aprecia o mercado nacional.

Pedro Machado destacou a afinidade cultural e a contiguidade territorial deste “mercado exponencial”, “que tornam de facto este um epicentro não só atual mas, mais do que isso, promissor”.

“Queremos continuar este caminho de cooperação transfronteiriça, em particular no que diz respeito, por exemplo às infraestruturas”, salientou Pedro Machado, referindo-se especificamente à abertura da IC31. Ao efetivar-se, esta autoestrada permitirá ligar a região a Madrid, “com novos corredores de circulação em relação à mobilidade para o mercado espanhol”.

A sustentabilidade é um fator cada vez mais atual no setor do turismo, e não ficará de fora na nona edição do “Vê Portugal”. Pedro Machado propôs, neste ponto, que se trace o perfil dos turistas da região, “dos turistas que não querem ser turistas”.

Estes são, para o responsável, aqueles que “querem estar mais perto e mais atentos” à questão da sustentabilidade e da subsistência do território, refletindo antes de experienciar. “Queremos explicar-lhes que Portugal e a oferta nacional é particularmente atual”, considerou o responsável.

Na qualidade de anfitrião do evento, José Miguel Oliveira agradeceu o facto de a Covilhã ter sido a cidade escolhida para acolher a próxima edição do “Vê Portugal”.

“Aquilo a que nós desafiamos é que venham conhecer a Covilhã, que venham conhecer as suas fábricas, os seus encantos, a sua arte urbana”, afirmou o vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, convidando todos os participantes “a descobrir um interior com qualidade”.

Inspirar. Criar. Tecer novos caminhos para o turismo interno

Adriana Rodrigues ficou a cargo da apresentação do programa da nova edição do “Vê Portugal”, que conta com diversos debates e atividades durante os dias 29, 30 e 31 de maio. Apesar de ainda não estar completo, a chefe do Núcleo de Comunicação, Imagem e Relações Públicas da Turismo Centro de Portugal apresentou os nomes relevantes já confirmados.

Ao presidente do Turismo Centro de Portugal, juntam-se Mário Raposo, reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal, e Nuno Fazendo, secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, para dar o arranque oficial ao evento, no dia 30.

Mas os trabalhos começam na tarde de 29 de maio, com a segunda edição das “Reuniões B2B”, destinada a apresentar as várias ofertas turísticas da região aos operadores turísticos e agentes de viagens nacionais.

Entre as atividades, o “Vê Portugal” contará com um “Roteiro de Arte Urbana”, uma “Visita ao Museu de Lanifícios da UBI”, uma “Oficina de Criação no New Hand Lab”, um “Percurso pedestre pela Rota da Floresta e um “Percurso pelo Caminho de Santiago no Concelho da Covilhã.

Destaque para o Jantar Oficial “Vê Portugal”, no qual o Turismo Centro de Portugal homenageará as empresas e personalidades que se destacaram no setor turístico nacional e regional, nomeadamente ao nível da Sustentabilidade, Restauração e Hotelaria, assim como a marca e a personalidade do ano.

Durante o jantar, serão entregues os prémios do Concurso de Empreendedorismo Turístico José Manuel Alves, que distinguem projetos inovadores no setor do Turismo, e os Prémios de Teses Académicas, que incidem igualmente sobre o Centro de Portugal.

Haverá ainda tempo para a atribuir os prémios “Best of Responsible Trails”, atribuídos aos percursos ao ar livre (‘walking’ e ‘cycling’) que se destacaram no ano anterior pelas suas boas práticas.

O último dia será inteiramente dedicado ao debate, sobre os vetores que promovem e sustentam o centro do país, bem como os desafios e as oportunidades que o turismo desta região tem pela frente.

A sessão de encerramento ficará a cargo de Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, e Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal.

Por: redação da Ambitur.