Crescimento do turismo no Porto “não significa empregos fixos ou aumentos salariais”

O aumento do número de turistas no Porto fez disparar a necessidade de contratar mais pessoas para os restaurantes, hotéis ou caves de vinho, mas isso não significa necessariamente empregos fixos ou salários mais altos.

“Existe um grande paradoxo: 2013 foi o melhor ano turístico de sempre, 2014 foi melhor e 2015 vai ser ainda melhor, contudo o patronato continua a apostar na desvalorização, desregulamentação e falta de condições de trabalho, congelamento salarial e baixos salários, pondo em causa Portugal como destino turístico de qualidade”, afirmou à Lusa, Francisco Figueiredo, presidente da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria do Norte.

Segundo o responsável, o aumento do emprego no setor nesta época de verão refere-se a trabalho precário, a tempo parcial, sem direitos e com salários miseráveis, além de desmotivante, porque se praticam horários de 10 a 14 horas diárias sem pagamento de trabalho suplementar.

O aumento das taxas de ocupação e o crescimento do número de dormidas no Porto fazem com que haja maior necessidade de recorrer a trabalhadores temporários que, agora, deixaram de ser jovens e estudantes para serem pessoas mais velhas, desempregados de longa duração ou sem formação no setor.

Na opinião do dirigente sindical, há um “aumento da exploração laboral” com trabalhos sazonais que não dão futuro, tanto que, mais tarde, quem os ocupa emigra ou arranja outra atividade.