CTP considera que Turismo é “menorizado” na orgânica do Governo

Apesar dos “tempos de grande incerteza” que o setor do Turismo enfrenta, Francisco Calheiros, presidente da CTP (Confederação do Turismo de Portugal), centrou o seu discurso em palavras de “ânimo” e de “confiança”, agradecendo a todos os diretores de hotéis a “resiliência e a forma como enfrentaram estes dois anos difíceis de pandemia”.

O presidente da CTP, que falava na sessão de abertura do XVIII Congresso Nacional ADHP (Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal), quis sublinhar que um diretor hoteleiro não é apenas isso: “É um diretor financeiro, um diretor comercial, um diretor de operações e um diretor de recurso humanos”, ou seja, “é um verdadeiro dono do hotel”.

[blockquote style=”1″]“Continuo a acreditar que o virar de página é possível e que a recuperação da atividade turística vai ser uma realidade”.[/blockquote]

Mesmo com as “dificuldades atuais”, primeiramente marcadas pela pandemia e, agora, pela guerra no “coração” da Europa, Francisco Calheiros acredita na “experiência” e na “capacidade de resistência” como “forte contributo” para a recuperação do turismo: “Continuo a acreditar que o virar de página é possível e que a recuperação da atividade turística vai ser uma realidade”. E prova disso são as reservas para a Páscoa, que, em muitos hotéis, estão acima dos 60%: “É um sinal que neste momento poderemos dar um passo largo para a retoma do turismo”. Por outro lado, as previsões do Banco de Portugal, citadas pelo responsável, apontam para que as receitas do turismo sejam, este ano, 80% das de 2019. Mesmo com a guerra na Ucrânia, estas previsões são números que dão “confiança” para acreditar que o “crescimento em 2023 já será aquele que esperamos e ficar perto ou mesmo atingir os números de 2019, o melhor ano de sempre”.

[blockquote style=”1″]“O turismo não pode deixar de merecer toda a atenção e deve ser uma prioridade nas decisões políticas e económicas que venham a ser tomadas porque o país precisa que o turismo continue a ser um motor da nossa economia”.[/blockquote]

Recorrendo ao tema principal do Congresso, “Atrair Talento, Recuperar o Setor, Planear o Futuro”, o presidente da CTP opta por centrar as atenções no futuro e no planeamento do turismo  que é preciso ser feito com vista à recuperação. Do conjunto de fatores essenciais a ter em conta, o responsável destaca, desde logo, a mensagem que precisa de chegar ao Governo: “O turismo não pode deixar de merecer toda a atenção e deve ser uma prioridade nas decisões políticas e económicas que venham a ser tomadas porque o país precisa que o turismo continue a ser um motor da nossa economia”. Com base neste fator, a CTP partilha a  “surpresa e deceção” pela orgânica do Governo em que o Turismo é “menorizado: Defendemos há muito a existência de um Ministério do Turismo. Tivemos uma Secretaria de Estado em exclusivo nas últimas duas legislaturas, mas agora terá que partilhar uma Secretaria de Estado com o Comércio e Serviços, o que não faz qualquer sentido”. Contudo, é com “satisfação” que a CTP vê a continuação de Rita Marques como secretária de Estado com a tutela do Turismo: “Irá, com toda a certeza, continuar a dar prioridade política e economia ao turismo, uma vez que há entraves ao desenvolvimento da atividade que continuam presentes e que o Governo tem que dar respostas”.

[blockquote style=”1″]”Temos de promover Portugal como um país seguro em todos os sentidos e que tem uma enorme variedade de oferta, até mesmo para os turistas que costumam fazer férias no Leste da Europa e que este ano já estarão a equacionar o seu destino de férias”.[/blockquote]

A promoção é outro dos pontos fulcrais quando se fala de Turismo de Portugal: “Temos de promover Portugal como um país seguro em todos os sentidos e que tem uma enorme variedade de oferta, até mesmo para os turistas que costumam fazer férias no Leste da Europa e que este ano já estarão a equacionar o seu destino de férias”. Mas, além da “promoção”, e tendo em conta o “futuro do turismo a médio e longo prazo”, o presidente da CTP atenta na importância de se tomar uma “decisão final” na próxima legislatura sobre a “construção do novo aeroporto” em Lisboa: “É uma das infraestruturas mais necessárias para o desenvolvimento do país”.

Também, a recuperação do Turismo depende, em muito, de continuar a “oferecer produtos e serviços de alta qualidade”, sendo necessário ter recursos humanos à altura: “Sabemos bem que a falta de mão-de-obra é também um problema que o turismo enfrenta”. Desta forma, Francisco Calheiros destaca a urgência de, entre empresas e Governo, serem criadas soluções que façam do turismo uma “atividade atrativa” onde se queira trabalhar: “Têm de ser tomadas medidas que permitam criar as condições para reter os profissionais que já trabalham no Turismo, mas atrair recursos humanos que são necessárias em toda a atividade”.

[blockquote style=”1″]“Têm de ser tomadas medidas que permitam criar as condições para reter os profissionais que já trabalham no Turismo, mas atrair recursos humanos que são necessárias em toda a atividade”.[/blockquote]

E quando se fala em futuro próximo, a “capitalização das empresas” é um fator essencial: “Num momento em que as empresas continuam tão descapitalizadas, ainda devido ao choque económico da pandemia, é necessário que as ajudas públicas há tanto tempo prometidas saiam do papel e cheguem à economia real”. Tão importante é que o Governo “reduza a carga fiscal” para que as empresas tenham condições para voltar a “investir e a criar emprego”, remata.