Day After na Restauração: Os chefs preparam-se para “crescer mais devagar” enquanto o delivery ganha terreno

Começou ontem o Portugal Digital Summit 2020, inserido na Portugal Digital Week organizada anualmente pela Associação da Economia Digital (ACEPI) que, até dia 23 de outubro, engloba uma série de reportagens com o título “Day After” que procuram descrever como a pandemia mudou a “vida” dos vários setores de atividade, através da perspetiva dos profissionais do ramo. Eis o dia seguinte da Restauração, descrito pelo chef José Avillez e pelo CEO da Kitch, Rui Bento.

Avillez: “O sucesso é algo muito relativo”

José Avillez, conceituado chef e empresário, confia que “estes momentos também servem para darmos o melhor de nós, para nos reinventarmos e adaptarmos”. O chef sempre imaginou os piores cenários, desde atentados terroristas a ondas gigantes e terramotos, mas “nunca tinha pensado numa pandemia” e não duvida de que ela nos “veio dar uma grande lição”. “Há uma grande chapada de humildade”, admite José Avillez. “Consegui perceber que o sucesso é algo muito relativo” pelo que é importante “preparar-me para poder cuidar das pessoas que estão à minha volta e não voltar a falhar-lhes como posso ter falhado agora”.

O Bairro, espaço gastronómico do chef, fechou portas uma semana apenas antes de passar a oferecer serviço de take away ao mesmo tempo que se envolveu num projeto solidário, em conjunto com as Juntas de Freguesia de Santa Maria Maior e da Misericórdia, confecionando “cerca de 10 mil refeições ao longo de três meses”. Em adição, o chef ainda participou num evento no qual foram angariados cinco mil euros para a Comunidade Vida e Paz. O futuro, talvez, seja “crescer mais devagar”, adianta Avillez, mas mantém-se certo de que “o que não nos mata torna-nos mais fortes”.

Rui Bento: “Os restaurantes deixaram de estar acessíveis às pessoas”

Rui Bento descreve que “toda a comida que é encomendada a partir de um restaurante Kitch é pensada do princípio ao fim para ser consumida em casa das pessoas” e confirma que a pandemia “afetou a procura por bens entregues em casa”. É que “os restaurantes deixaram de estar acessíveis às pessoas” de forma que “a entrega de comida em casa passou a ser uma das poucas avenidas disponíveis para as pessoas consumirem as suas comidas favoritas dos seus restaurantes favoritos”. Por outro lado, também se registou uma “adesão bastante maior” por parte dos restaurantes pelo delivery. E assim a Kitch teve de se “adaptar muito”.

O processo “passou muito por pararmos um pouco, respirar, e perceber de que forma é que esta circunstância afeta o nosso negócio” e que “tipo de medidas de segurança teremos que implementar para assegurar a segurança” desde a confeção da comida até à entrega e consumo, conta Rui Bento. É fundamental perceber “como garantimos que servimos melhor essas pessoas” e “transformarmos este obstáculo também numa oportunidade para os restaurantes”. Já olhar para o futuro, é ver uma “grande aceleração do que é a procura por comida em casa”.