Deloitte: Viagens corporativas em crescimento mas grandes empresas travam investimentos
O mercado de viagens corporativas depara-se com uma recuperação desigual. De acordo com o “Corporate Travel Study” da Deloitte, três em cada quatro responsáveis de viagens corporativas (74%) preveem aumentar os seus orçamentos face a 2024, mas o crescimento não é homogéneo. A diferença entre grandes empresas e PMEs está a aumentar, com as primeiras a priorizar a eficiência e a sustentabilidade, e as segundas a considerarem as deslocações corporativas uma ferramenta de crescimento e captação de negócio.
Segundo a Deloitte, as grandes multinacionais estão a rever a função estratégica das viagens dentro das suas operações. Apesar de contarem com maiores orçamentos, tendem a reduzir a frequência e a avaliar com maior rigor o retorno de cada viagem.
O relatório refere que entre as empresas com maior volume de gasto, um número significativo vai limitar as viagens não essenciais e reforçar a monitorização de custos. a sustentabilidade passa a ser um fator central: estas empresas integram ferramentas de medição de emissões, políticas de compensação e preferência por prestadores de serviços com certificações ambientais.
A Deloitte destaca ainda que a pressão regulatória, os compromissos ESG e a maturidade dos seus programas de mobilidade corporativa explicam esta contenção: as grandes empresas “não viajam menos por redução orçamental, mas por disciplina estratégica”.
PMEs apostam nas viagens como alavanca comercial
Do outro lado, as pequenas e médias empresas demonstram ter uma atitude mais expansiva. Segundo este estudo, 80% das PMEs planeia aumentar os seus gastos em viagens em 2025, impulsionadas pela necessidade de reforçar relações comerciais e captar novos clientes.
A Deloitte indica que este grupo encara as deslocações como um investimento direto em crescimento e não tanto como um custo operacional. A sua menor exposição a políticas de ESG e a sua estrutura mais flexível favorecem decisões ágeis e uma recuperação mais visível da mobilidade.
O relatório aponta também que, para as PMEs, as viagens presenciais continuam a ser essenciais na consolidação de acordos, feiras e encontros setoriais, segmentos que continuam a registar uma procura sustentada.
Crescimento mais fragmentado
A coexistência de estratégias tão diferentes gera um cenário fragmentado: o gasto total em viagens corporativas vai subir em 2025 mas sobretudo impulsionado pelas PMEs e não pelas grandes multinacionais.
A Deloitte acredita que o mercado global de viagens corporativas entrou numa fase de amadurecimento, onde o volume deixa de ser o único indicador de recuperação. As viagens redefinem-se de acordo com o seu valor estratégico, o seu retorno económico e o alinhamento com os objetivos de sustentabilidade e eficiência.