O IX Congresso da Apecate começou ontem, em Peniche, e chega hoje ao fim. No primeiro painel, dedicado aos “Desafios da Retoma: Resistir, Reposicionar, Reativar, Afirmar a nossa Proposta de Valor“, a mesa redonda com Ana Bolina, diretora de Marketing da Sociedade Comercial C.Santos, Francisco Freitas, B2B marketing director da NOS, e Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, incidiu sobre “Como retomar a atividade, voltar ao contacto com o mercado e ganhar negócio”.
Tanto a representante da C. Santos como o responsável da NOS explicaram o que as suas empresas fizeram e estão a fazer, perante a pandemia de Covid-19. Ana Bolina, da Sociedade Comercial C. Santos, esclareceu que já antes da retoma houve sempre a preocupação em não perder o contacto com os clientes e em apostar num trabalho de aproximação, tentando valorizar a equipa interna. E, nessa perspetiva, a C. Santos, representa oficial da Mercedes-Benz, começou a realizar ações de aproximação, mais pequenas e direcionadas.
Também na NOS houve uma necessidade de adaptação interna e Francisco Freitas afirma que “foi gratificante como conseguimos mobilizar toda a estrutura de escritórios e atendimento aos clientes”. Admitindo que o nível de interação pedido pelos clientes foi “enorme”, adianta que o nível de investimento para robustecer as redes foi também muito grande pois a utilização subiu muito e era necessário garantir a qualidade da infraestrutura, tanto para os clientes individuais, como para os clientes empresariais. O objetivo foi “garantir o acelerar da transformação digital das empresas”, sublinha o orador, que acredita que ainda há um trabalho enorme a ser feito para garantir a digitalização da economia. No caso da NOS, houve reestruturações nas lojas com o resultado de que hoje, é possível pré-marcar uma visita a qualquer loja para diminuir os tempos de espera. “Há uma necessidade de uma aposta muito grande no digital, que nos garante muito maior interação e uma personalização muito mais fina do que no passado”, explica Francisco Freitas, assegurando que “estamos a adaptar a estratégia ao novo normal”, sendo que a empresa acredita que a personalização será a chave para o futuro.
Para Ana Bolina, “a conectividade será o ponto de partida e chegada dos eventos que façamos”, sendo que há uma dinâmica de partilha nas redes sociais de ações específicas da marca, para que exista uma continuidade, e também entrevistas a clientes e colegas que são partilhadas durante essas ações. “Não vamos estar parados. Percebemos que temos de ser mjuito claros, as pessoas quereme scolher para não irem a eventos repetidos ou que não lhes interessem”, frisa a oradora.
Mas, apesar da aposta na aceleração da transformação digital, “há algo que a pandemia não nos tirou”, admite Francisco Freitas: “continuar a haver relações entre as pessoas”.
Algo com que Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, está inteiramente de acordo, defendendo que “não podemos ficar reféns do digital”. E acrescenta: “Se houve ano em que tivemos contacto com o mercado foi em 2020, provavelmente até muito mais do que antes. Mas foi um contacto muito digital, tecnológico”. Por isso o orador questiona como poderão as grandes marcas voltar a investir neste estímulo ao cliente. O responsável admite ficar preocupado com o cancelamento de eventos presenciais e defende que “tem que haver um investimento reforçado das marcas e apostar até ao fim” pois “temos uma responsabilidade de empurrar o jogo para a frente”.
Também Ana Bolina, da C. Santos, concorda que “o digital é uma maneira de completar a ação que estamos a fazer”. E Francisco Freitas, da NOS, acrescenta que “o digital é mais um canal para chegar ao cliente, um acelerador de algumas interações” mas garante que “não o vemos como um substituto” do presencial.
O presidente do Turismo de Portugal reconhece que “o digital permite-nos ganhar negócio, conhecer as pessoas e saber como chegar a elas”, mas lembra que “também nos pode fazer perder muito, principalmente neste setor”. Luís Araújo não tem dúvidas de que as pessoas vão ter cada vez mais vontade de estar voltar a estar juntas. “Temos de ser nós a decifrar os sinais do lado do cliente e dar-lhe o que ele, muitas vezes, não sabe que precisa”, frisa. O orador avança ainda que do lado do Turismo de Portugal, há um conjunto de delegações no estrangeiro em contacto com grandes marcas que querem fazer eventos em Portugal, isto além de um programa de apoio financeiro à captação de eventos e congressos e de uma plataforma “Meetings in Portugal” que reúne toda a informação para a realização de eventos no nosso país.