Diretor da escola Les Roches Marbella diz que em Portugal “há falta de profissionalização” na indústria turística

À margem do Encontro Alumni, organizado recentemente pela escola Les Roches Marbella no Four Seasons Hotel Ritz, em Lisboa, Carlos Díez de la Lastra, diretor da Les Roches Marbella, falou à Ambitur sobre o seu ponto de vista relativamente ao crescimento turístico em Portugal e sobre a “falta de profissionalização” que existe na indústria turística.

Campus Les Roches Marbella

O responsável afirma que Portugal “está seguramente a passar pelo melhor momento turístico da sua história. Os números são muito mais positivos do que o turismo geral na Europa”. Carlos Díez refere que “este crescimento deve-se ao trabalho feito pelo Turismo de Portugal” mas também ao “bom momento” que o turismo em Espanha e Portugal está a passar”. O facto de muitos turistas optarem por Portugal e Espanha por serem países seguros é vista pelo diretor como uma oportunidade: “O Turismo de Portugal tem de conhecer e aproveitar este crescimento, apostando mais na qualidade e no serviço de hotéis”, tendo em vista o facto de grande parte dos turistas terem “grande poder económico”, revela

Quando comparado com outros países do Mediterrâneo como Itália, Grécia ou Espanha, que “têm um desenvolvimento turístico mais intenso”, Carlos Díez afirma que Portugal “tem muitas coisas boas e é um país que tem muito para dar a conhecer”. E menciona: “as zonas das praias ainda não são muito exploradas”, assim como “o interior e as zonas culturais do país que também podem acrescentar valor”. A “relação forte” que Portugal tem com a América Latina (Brasil) também é apontada com uma vantagem. O dirigente da escola aponta ainda como mais-valia dos portugueses o facto de “terem uma atitude aberta e de hospitalidade”. Por fim, sublinha o “custo de vida” em Portugal que é “mais reduzido do que a maioria dos países do Mediterrâneo”.

O crescimento do setor turístico em Portugal tem trazido muito emprego, apesar das dificuldades em encontrar profissionais para o setor. Carlos Díez diz que “este problema” não é só de Portugal mas antes um “problema geral”. Segundo um relatório mencionado pelo responsável, “foram avaliados 25 países” e apenas “três é que têm condições para terem pessoas a trabalhar nos próximos anos”. O entrevistado explica que são precisas três condições para se ser “um profissional no setor: Formar e preparar; trazer pessoas de outros países; e mover o talento de outras indústrias do país para a indústria do turismo”. Olhando para as condições do país em oferecer mais pessoas à indústria, a conclusão de Carlos Díez é objetiva: “Portugal, atualmente, não está numa boa situação”. Apesar de em Portugal haver “investimentos, espaços, projetos, riqueza e comunicação”,continua faltar a “profissionalização na indústria. O maior desafio que Portugal deve ter para o futuro é a formação das pessoas”.

Sobre os profissionais hoteleiros em Portugal, o responsável diz que são “muito jovens”, quando comparados com outros países. No entanto, nota uma grande evolução e “começam a existir cada vez mais projetos que têm um ótimo nível profissional”.

Alunos Les Roches Marbella

Em Portugal e Espanha, segundo o dirigente da escola Les Roches Marbella, “as pessoas pensam que ter uma boa atitude basta para se ser um bom profissional”. No entanto, é fundamental “possuir uma combinação” de talentos, criando “ligação entre as pessoas”, sejam funcionários ou clientes. A par destas competências, “ser organizado, inovador e estratégico” devem também constar do perfil de uma pessoa ligada ao setor. “Numa altura em que surja um imprevisto, o profissional já deve ter em mente uma solução”, explica.

Em jeito de conclusão, Carlos Díez faz um balanço do ensino da hospitalidade a nível mundial, frisando que existem “cada vez mais empresas à procura de pessoas empreendedoras, inovadoras e ágeis. A indústria turística exige cada vez mais e mais rápido e o ensino está a caminhar por aí”.

Portugal “representa 10% a 15% dos alunos” na Les Roches Marbella

Procuram “gestão de hotéis de cinco estrelas” com uma taxa de empregabilidade que é “total”. O número de alunos portugueses na Les Roches Marbella vai variando “de ano para ano”. Mas Carlos Díez afirma que “Portugal representa cerca de 10% a 15% dos alunos”.

“Não há estudantes que queiram trabalhar e não conseguem ou não podem”, garante o responsável que deu o exemplo de um dos alunos que, no semestre passado, “recebeu cinco ofertas de trabalho. O facto de as grandes indústrias hoteleiras internacionais procurarem e incentivarem os estudantes a “irem trabalhar com eles”, também ajuda e contribui para os “cativar e atrair”.

A escola Les Roches Marbella, segundo o responsável, “faculta três aspetos exclusivos”. Os estudantes trabalham num “ambiente internacional autêntico”, estando em contacto com “80 a 100 nacionalidades diferentes. Têm uma rede de networking com pessoas de todo o mundo com um nível económico e social muito alto”, permitindo-lhes “terem contactos para depois se desenvolverem na indústria”. E por fim, “trabalhamos com um modelo que combina disciplina e rigorosidade com humildade. Por muito que seja um diretor de hotel, ele tem que trabalhar com humildade e ao mesmo tempo com disciplina e ordem”, conclui.