#Distribuição: “O produto está ainda muito instável” e “inseguro na venda”

Ambitur.pt continua a auscultar o setor da distribuição, numa altura em que já começa a existir produto no mercado e são já várias as companhias aéreas, incluindo a TAP, a anunciar a retoma de voos.

Maria José Silva, CEO da RAVT, explica que o produto que ainda existe traduz-se em valores pouco significativos, quer de venda e de produção, quer de dinâmica do setor. O que é um facto é que ainda são “insuficientes para se conseguirem suportar custos das empresas, que estão já nos básicos e estritamente necessários”. No entanto, admite que há que já começa a ativar-se, “quanto mais não seja a vontade do setor de retomar a atividade aos poucos e por passos bem pensados”. Mas adianta que “o produto está ainda muito instável”. Por um lado, existem fornecedores de diversos tipos de serviços com prudot ativo “que sabemos não existir ou os produtores acabam a confirmar não estarem ainda em operações”. Por outro lado, há outros que “não têm sequer os devidos alertas ao produto e destino que sofreu restrições e alterações significativas na prestação de serviços, desde restrições de refeições, a restrições de acessos praias, horários, entre outras”. Ou seja, a responsável não hesita em afirmar: “Considero ainda tudo demasiado instável e inseguro na venda, por mais que deseje que tudo retome ao mais normal rapidamente”.

Dando conta da sua perceção daquilo que o turista nacional neste momento quer, Maria José Silva acredita que “a esmagadora maioria ainda não tem vontade de férias”, isto em parte devendo-se a uma mudança da sua realidade familiar e económica ou mesmo por considerarem que “para fazer investimentos nas férias que pelo menos as tenham como merecem e com o mínimo de restrições possíveis, sem que tenham que estar sempre a controlar cada movimento com imensas restrições e sob pressão”.

Por tudo isto a CEO da RAVT acredita que “é prematuro” falar de uma luz ao fundo do túnel para a retoma da atividade dos agentes de viagens. Há ainda muito por “reorganizar, verificar, ajustar, clarificar”, diz. E há também muitas empresas com lay-off até final do permitido, “uma vez que os custos fixos são de tal forma elevados que a produção que poderia ainda existir de forma alguma poderia sequer compensar arriscar, recorda. “Estamos a navegar a muito curto prazo, de forma verdadeiramente VUCA”, sublinha.