Ambitur.pt tem vindo a acompanhar o setor do turismo nesta crise provocada pela pandemia da Covid-19. Desta vez, falámos com empresas DMCs e João Luís Moita, CEO da Citur, partilha connosco o que se passa na sua empresa e como visualiza uma retoma da atividade.
Neste momento, o responsável admite estar totalmente dependente de todo o tecido empresarial e infraestruturas que compõem a oferta turística do país. “Estamos completamente dependentes da retoma das companhias aéreas e da reabertura dos aeroportos, pois sem estes a funcionar, os nossos clientes não poderão chegar”, frisa. João Luís Moita espera que, pelo menos, em setembro “possamos começar a laborar, mesmo que a um nível bastante reduzido”, visto ter já alguns reagendamentos e grupos com intenção de se deslocarem.
A Citur tem aproveitado a atual situação para, não só, efetuar algumas ações de marketing, mantendo o contacto com os clientes através das tecnologias disponíveis, mas também para “criar algum produto adaptado a esta nova realidade”. O CEO da empresa garante que “tentamos passar uma imagem positiva do destino e enviar o máximo de informação possível”.
João Luís Moita acredita que mal surja uma vacina ou um antídoto para este vírus, lentamente tudo regressará à normalidade. “Claro que teremos que promover ainda mais e melhor o destino, e começar novamente a viajar para captar negócio”, recorda.
O responsável não hesita em afirmar que “está na hora de começarmos a retomar a nossa atividade”, seguindo naturalmente as normas e recomendações da DGS. A reinvenção continuará a fazer parte do dia-a-dia de quem trabalha no setor do turismo, diz João Luís Moita. “Claro que as formas de comercialização e de operacionalização dos nossos grupos e eventos serão diferentes, pelo menos enquanto a pandemia durar, mas o nosso setor é resiliente e os nossos profissionais são altamente qualificados”, defende.
Para o gestor, a infraestrutura já cá está e, com vontade e colaboração “por parte dos que nos governam para manter o tecido empresarial que cria, desenvolve e comercializa o produto turístico, a laborar, Portugal como destino turístico de excelência irá, mais cedo ou mais tarde, recuperar e regressar aos números e volume do passado”.
Para sobreviver até esse momento, há que haver apoios financeiros que permitam às empresas manter as portas abertas. João Luís Moita admite que também possa ser necessário aplicar maior flexibilidade laboral, maior dinâmica de promoção e melhores custos de contexto. “Estamos parados e com faturação igual a zero, mantendo todos os custos de estrutura”, sublinha o CEO da Citur, adiantando que o setor necessita do apoio das seguradoras, já que os clientes começaram a pedir novos enquadramentos e coberturas para as suas hipotéticas próximas deslocações.
João Luís Moita defende ainda que “talvez seja a hora de rever a Lei das Agências de Viagens e regulamentá-las um pouco mais, uma vez que existe demasiado «intrusismo» no nosso setor de atividade, sendo fácil contornar a lei e realizar negócios à sua margem”. É pois fundamental “regulamentar melhor a atividade e normalizá-la num contexto europeu, pelo menos, para que todos possamos laborar dentro das mesmas regras e competitividade”. Isto além de ter em atenção a questão do IVA e da perda de competitividade relativamente a destinos concorrentes de Portugal.