DMCs reclamam “ajustamentos” no negócio de MI em Portugal

Criada em janeiro do ano passado, o capítulo de DMCs da APAVT, encabeçado por Eduarda Neves, managing director da Portugal Travel Team e vice-presidente da APAVT, pretende alertar o setor para as principais preocupações deste segmento em Portugal. Num encontro com jornalistas que decorreu esta manhã na sede da APAVT, em Lisboa, vários membros deste capítulo, que junta já 14 empresas nacionais, chamaram a atenção, entre outros, para o “impacto” que a supressão do IVA em Espanha nesta área tem tido em Portugal.

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Paula Antunes, managing director da Compasso; Pedro Morgado, managing director da Abreu DMC; Rita Montarroio, managing director da Imagine More; e Eduarda Neves, vice-presidente da APAVT.

Apesar da lei no país vizinho ter já entrado em vigor o ano passado, pela distância a que se começam a organizar a pedir orçamentos para os eventos, apenas este ano se sentiu o impacto em Portugal. Segundo Eduarda Neves, esta é uma realidade que “prejudica imenso a economia e o desenvolvimento do turismo que está a melhorar na área dos individuais, mas que está a perder competitividade na nossa área”. “Em termos de destino, o prejuízo durante o ano é de muitos milhões de euros”, acrescenta a responsável, lembrando que também na Alemanha “o cliente pode recuperar a totalidade do IVA no final do evento”. “A diretiva europeia não o permite, nem num caso, nem no outro”, lembra.

Segundos os responsáveis, “esta preocupação já foi passada à tutela”, estando-se agora à espera de uma resposta. No entanto, acrescenta Eduarda Neves,”a tutela mostrou-se muito recetiva, o que é bom para nós”. Pedro Morgado, managing director da Abreu DMC, lembra que “os clientes que se movimentam neste segmento” são muito exigentes e “ou são empresas (corporate) ou são empresas especializadas que não trabalham com o turismo de lazer e portanto o que eles esperam é que esteja do outro lado uma empresa especializada de MI”.

Outra das preocupações prende-se com as altas ocupações da hotelaria em algumas cidades do país. Segundo Pedro Morgado, “o aparecimento das low cost no Algarve, Madeira e Porto” tem feito com que os hotéis comecem a ficar lotados muito mais cedo, o que faz com que os DMCs “comecem a ter problemas na captação de congressos para determinadas cidades”. “O nosso segmento normalmente tem uma faturação por pessoa muito elevada – três noites podem custar cinco mil euros. Não há nenhum turista individual que gaste cinco mil euros em três noites”, lembram. É necessário, alerta o responsável da Abreu DMC “um ajustamento naquilo que é o negócio de MI” e “uma melhor gestão dos hotéis”.

Por último, o grupo de trabalho chamou a atenção para a formação. Segundo Eduarda Neves, “o mercado exige cada vez mais especialização e é isso que não sentimos que é dado aos alunos nas escolas de turismo, é tudo muito generalista”.

O capítulo de DMCs, que funciona sobre “a umbrella da APAVT” pretende, segundo Pedro Morgado, “promover um maior conhecimento (sobre a realidade deste segmento) e garantir um maior controle de qualidade no que toca aos fornecedores”. Este é, de acordo com o mesmo responsável, um grupo de trabalho aberto a “todas as empresas de turismo que cumpram as regras de ética”. Entre as principais estão a obrigatoriedade de ter atividade no segmento de MI há pelo menos três anos; 70% do volume da empresa tem de ser proveniente do mercado de MI; e ter um seguro de responsabilidade civil de, no mínimo, um milhão de euros. Atualmente fazem parte desta associação 14 empresas. “Faltam ainda algumas que seriam importantes”, acrescenta Rita Montarroio, responsável da Imagine More.