Dresden, uma cidade moderna renascida das cinzas

Num misto de tradição e modernidade, a cidade de Dresden, também conhecida como “Florença do Elba” é hoje um exemplo de superação face à história mais recente da Alemanha. A cidade, capital do estado da Saxónia, tornou-se a pouco e pouco num dos principais destinos turísticos do país. A Ambitur viajou para Dresden a convite da Germany Travel Mart 2018, e conta-lhe como foi a descoberta desta cidade à beira rio, imortalizada em pintura por Canalleto.

Em meados do século XVIII, Dresden despertava a atenção de grandes pintores italianos como Canalleto e Belloto que ali pintaram. No mesmo período, o reino teve como líder a figura de Augusto, o Forte, governante que iria deixar marca nesta metrópole que se tornaria numa das capitais do barroco europeu.

Na vista para a chamada altstadt (centro histórico) é possível observar que Dresden fez por manter o seu património intacto, mesmo depois da destruição causada pelos bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). E neste ponto, começa precisamente a história de uma cidade que nos últimos 70 anos teve que reconstruir os seus principais monumentos por força da destruição deixada pela guerra.

No coração da cidade, ou de qualquer ponto circundante, é possível vislumbrar a cúpula da Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora), igreja luterana destruída quase totalmente pelos bombardeamentos registados em fevereiro de 1945. Só em 2005 foi reaberta e os sinos voltaram a tocar, após reconstrução, tornando-se num símbolo da reconciliação entre os inimigos de guerra.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Dresden tornou-se num importante centro industrial da República Democrática Alemã, que pautada pelo socialismo, fez com que a cidade viesse a perder cada vez mais o seu vínculo religioso. Não é por isso de estranhar que atualmente, apenas cerca de 15% da sua população seja assumidamente religiosa. Não obstante, a par da Frauenkirche, destaca-se também a Hofkirche (Catedral da Santíssima Trindade), igreja católica construída entre 1738 e 1751, que se situa bem junto à mais famosa ponte da cidade, a ponte de Augusto.

A seu lado, destaca-se o Residenzschloss (Castelo de Dresden), que serviu de residência dos eleitores da Saxónia (1547-1806) e reis (1806-1918). Uma vez mais, este edifício marcado por diversos estilos arquitectónicos, tem sido reconstruído desde a década de 80, albergando atualmente cinco dos principais museus de cidade. O mais notório – o Green Vault – reúne as principais peças do tesouro dos príncipes da Saxónia, entre elas, o diamante verde de Dresden, originário da Índia, que se destaca no ranking das mais valiosas peças de joalharia do mundo.

Ainda no centro histórico da cidade, e num simples roteiro pelos principais monumentos, não há forma de escapar à imponência da Ópera Semper. Considerada como uma das mais importantes óperas europeias, a Ópera Semper tem sido, desde o início da sua construção em 1841, casa para alguns dos maiores compositores alemães, nomeadamente Richard Wagner. Durante as últimas semanas de guerra, a construção seria destruída, tendo sido reaberta, quarenta aos depois, em 1985.

Nesta cidade onde se respira a verdadeira identidade cultural alemã, é obrigatório passar pelo Zwinger, um palácio barroco, que deslumbra pelos seus jardins, mas também pela sua galeria de exposições. Entre obras de Brueghel, Ticiano ou Van Eyck, destaca-se sobretudo a Madona Sistina, da autoria de Raffaello.

Numa cidade com mais de cinquenta museus, destaca-se ainda o museu Albertinum, onde é possível passar pelas diferentes correntes do modernismo. O passeio pela Galerie Neue Meister abre com o pioneiro do modernismo, Caspar David Friedrich (1774-1840), seguido cronologicamente por outros românticos (Carl Gustav Carus , Johan Christian Clausen Dahl , Ludwig Richter ), franceses e alemães impressionistas (Claude Monet , Edgar Degas , Max Liebermann, Max Slevogt ) e expressionistas (Otto Dix).

Cidade velha, cidade nova
Da designada altstadt, partimos para neustadt (cidade nova), onde logo à beira do rio Elba se observam longas zonas relvadas que em dias de calor são invadidas por pessoas que ali passeiam, fazem piqueniques ou assistem a concertos e espectáculos.

Neustadt é a região da cidade pontuada pela presença das novas gerações, onde a vida nocturna se prolonga até às mais altas horas e onde existem mais de 200 estabelecimentos comerciais, entre bares, cafés e restaurantes.

Nesta zona de cidade, visitámos o Museu Histórico Militar (Militär Historisches Museum), ampliado recentemente pelo arquiteto Daniel Libeskind. Muito mais do que um simples museu de armas ou de símbolos ligados aos militares, este local propõe uma reflexão profunda sobre os efeitos da guerra e lança uma nova visão sobre os efeitos da violência. Um espaço de exibição, com mais de 2 mil metros quadrados, compõe este museu de visita imperdível que coloca o foco no ser humano, afastando-se de uma vertente puramente cronológica e histórica.

Se de um lado do rio Elba perdura a história mais antiga de Dresden, neste lado B encontra-se o espírito de uma vivência mais contemporânea. São por isso muitas as ruas e edifícios que albergam actualmente verdadeiras obras de street art, que imprimem em Dresden uma experiência original e criativa.

Outros espaços para conhecer
Dresden é uma cidade que respira cultura que hoje se alia à tecnologia e aos espaços mais alternativos. Por essa razão, a Ambitur visitou ainda a chamada Gläserne Manufaktur (Fábrica de Cristal), propriedade da marca de automóveis Volkswagen.

Neste local é possível observar de perto a linha de montagem de uma gama de automóveis da Volkswagen. Atualmente, a fábrica produz uma nova gama de veículos elétricos. A par disso, esta atracão, aberta ao público gratuitamente, oferece a possibilidade aos visitantes de poderem testar os veículos da marca, recorrendo à realidade virtual.

Para uma opção mais alternativa, existe ainda a Kraftwerk Mitte, uma antiga estação de eletricidade, onde hoje é possível assistir a espetáculos teatrais e exposições. O local, marcado por uma clara arquitectura industrial, alberga ainda um restaurante e uma discoteca.

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