Fez ontem, dia 20 de novembro, 50 anos que abriu o primeiro hotel do que viria a ser o maior grupo hoteleiro português. Dionísio Pestana, filho do fundador Manuel Pestana, não hesita em afirmar que “é bonito celebrar estes 50 anos em memória de um sonho do meu pai”. Numa festa com muito brilho, música e onde não faltou o fogo de artifício, estiveram mais de 300 convidados este fim de semana para se juntar à comemoração deste meio século do Pestana Hotel Group.
O atual presidente e acionista do grupo recorda como tudo começou num almoço com a imprensa no Pestana Churchill Bay, com vista para a pequena baía de Câmara de Lobos. O pai, que vivia na África do Sul, decidiu investir na sua terra Natal, adquirindo um terreno, “por 18 mil contos”, onde se encontrava o Hotel Atlântico em 1966, para depois o demolir e construir aí o que viria a ser agora o Pestana Carlton Madeira, que na altura nasceu como Sheraton, no resultado de um concurso internacional para a sua gestão, e que ainda hoje está no TOP 3 do grupo no que diz respeito à performance. Era a época do boom das cadeias hoteleiras internacionais, do “boom do turismo como o conhecemos hoje”, lembra Dionísio Pestana.
O hotel abre então a 20 de novembro de 1972, com uma folha salarial repartida por 30% de equipa local e 70% estrangeira. Mas, com o 25 de abril de 1974, os planos vieram por água abaixo e, dois anos depois, Manuel Pestana “dava o hotel como perdido”, até porque tinha raízes na África do Sul e lá queria continuar a viver. É aqui que “entra” Dionísio Pestana, que chega à Madeira em 76 e foi ficando, aprendendo “tudo o que era possível para realizar o sonho do meu pai”. Com a entrada de Portugal na então CEE, o cenário altera-se uma vez mais e o potencial da Madeira ganha força. O modelo inicial do Grupo Pestana passou pelo time sharing, que se tinha expandido dos EUA para a Europa, e o grupo começa a vender sobretudo para o mercado britânico e, ainda hoje, há famílias que compraram na altura por 30 anos, e foram depois renovando por mais 10 anos. Este modelo de negócio gerou “tesouraria suficiente para financiar o sonho do meu pai e permitiu continuar a pensar que o futuro ia melhorar”, admite o presidente do Pestana Hotel Group.
50 anos depois, mais de 100 hotéis e 12 mil quartos sob gestão direta, o grupo está presente na Europa, Américas e África, sendo escolhido por mais de 3,5 milhões de clientes por ano. E, no que à hotelaria diz respeito, opera com quatro marcas: Pestana Hotels & Resorts, Pestana Collection Hotels, Pestana Pousadas de Portugal e Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Apostando na diversificação, está ainda no imobiliário turístico, golfe, casinos e indústria.
“O que está a construir é para acabar; o que for novo é para abrandar”
Dionísio Pestana garante que 2022 será um ano recorde para o grupo, perspetivando 500 milhões de euros de faturação, mas admite que a Covid trouxe “os dois piores anos” e lembra que ainda este ano, entre fevereiro e março, os hotéis do grupo se encontravam fechados. A procura renasceu pelos destinos resort, como o Algarve e a Madeira, e o empresário reconhece que o segundo semestre deste ano “foi muito melhor” com a “tendência para continuar a crescer”. Aponta ainda o aumento de 10% dos custos este ano, relacionados com a mão-de-obra e a fatura energética nos últimos seis meses de 2022, “uma surpresa desagradável”.
Dionísio Pestana garante que 2022 será um ano recorde para o grupo, perspetivando 500 milhões de euros de faturação, mas admite que a Covid trouxe “os dois piores anos”.
Sabe que em 2023 virão outros problemas, como a inflação e os juros. O hoteleiro explica que, no que diz respeito à inflação, “já passámos por isso” e que há que “aumentar a produtividade, tendo imaginação na área de equipas, mantendo a receita e defendendo as margens”. Quanto a projetos, Dionísio Pestana é perentório: “O que está a construir é para acabar; o que for novo é para abrandar”.
Em construção estão dois hotéis em Lisboa, em Alfama e na Rua Augusta, com abertura prevista para o primeiro semestre do próximo ano. Altura em que deverá arrancar o projeto de Paris, num investimento de 60 milhões de euros.
O segredo para o sucesso do Pestana Hotel Group? Dionísio Pestana acredita que se prende muito com o facto de contar com “pessoas altamente qualificadas nas suas respetivas áreas para competir no mercado internacional”.
O segredo para o sucesso do Pestana Hotel Group? Dionísio Pestana acredita que se prende muito com o facto de contar com “pessoas altamente qualificadas nas suas respetivas áreas para competir no mercado internacional”, sublinhando que “não há que ter medo”.
Financeiramente, o grupo “está sólido” e o atual presidente não perspetiva um novo acionista, optando antes por “proteger em nome da família” e esperando que “a família dê depois continuidade” a este projeto.
Financeiramente, o grupo “está sólido” e o atual presidente não perspetiva um novo acionista, optando antes por “proteger em nome da família” e esperando que “a família dê depois continuidade” a este projeto.
Quanto a novas oportunidades, o hoteleiro frisa que “vamos estar sempre atentos”, até porque o mercado vai mudar, e isso já se sente a nível imobiliário, explica. A prioridade serão as capitais europeias e, em Portugal, “manter sempre a liderança de mercado” e “fazer sempre o investimento necessário para não perder essa liderança”.
Por Inês Gromicho, na Madeira, a convite do Pestana Hotel Group.