“É importante proteger os destinos e ter uma estratégia comercial estável que permita que as operações sejam sustentáveis”
Ambitur.pt esteve à conversa com Daniel Graça, diretor de Vendas da Egotravel, e Sandro Lopes, diretor de vendas da Soltrópico. Os dois operadores turísticos da Newtour abordaram as expectativas para este ano de 2024, a estratégia a adotar e os desafios que terão pela frente. Marrocos terá, este ano, a maior oferta de sempre por operadores da Newtour, dizem, passando ser o principal destino conjunto de operações charter em 2024.
Face às expectativas, aquando da planificação do ano, quais os fatores que obrigaram a um ajuste da operação?

Daniel Graça (DG): Diria que este ano quando planificamos as operações tivemos em conta o que poderíamos mudar/ melhorar/ adaptar nas nossas operações existentes e também que destinos poderiam ser apostas estratégicas para 2024 para continuarmos o crescimento que temos realizado nos últimos anos. Isto quando olhamos para fatores internos.
Sandro Lopes (SL): Sim, no âmbito externo obviamente que tivemos em consideração os fatores socioeconómicos, como a inflação e mudanças no poder de compra dos portugueses, e como isto poderá afetar as nossas perspetivas de crescimento. Adicionalmente, também olhamos para o mercado para que consigamos ajustar e viabilizar a nossa oferta da forma mais competitiva e sustentável.
Ficaram satisfeitos com o preço médio atingido nos vossos lugares disponibilizados ao mercado? Que números podem dar ao mercado a este nível? Há diferença a registar entre destinos?
DG: Quando olhamos para o aumento do preço média do pacote turístico, o que não é exclusivo das nossas operações mas do mercado em geral, é difícil ficarmos satisfeitos mas estamos convictos que temos operações com qualidade e diversidade que podem fazer a diferença no mercado. No geral, todos os destinos incrementaram o seu preço médio num valor de 5%.
Qual a estratégia de programação dos operadores da Newtour, Soltrópico e Egotravel, para 2024?
SL: No caso da Soltrópico não existirão novos destinos na programação charter para 2024, mas será um ano em que voltaremos a apostar naquilo são os destinos-estrela do nosso portfolio. Porto Santo, Cabo Verde e Saidia, em charter no verão, mas também Madeira, Cabo Verde, Salvador da Bahia e Natal, durante a época de Réveillon. No entanto, fora das operações charter, estes destinos e outros, nomeadamente, no Brasil, Maldivas, São Tomé e Príncipe, Maurícias e Dubai serão as nossas apostas naquilo que são as operações regulares.
DG: No caso da Egotravel, para além de Djerba, um destino prioritário e reconhecido do nosso portfolio, e Al Hoceima, que voltará a ser uma aposta em 2024, temos a novidade de Agadir, que será um destino parte charter em 2024 e com o qual estamos bastante entusiasmados. Outros destinos na nossa programação regular incluem Marrocos, Malta, Turquia, Ilhas Espanholas, Egipto, Tailândia e Caraíbas.
Para este ano quais os principais desafios a ter em conta ao nível da operação turística?
DG: Temos vindo a notar, ao longo dos últimos anos, um aumento dos preços em toda a cadeia de valor do pacote turístico, da hotelaria à aviação, entre outros. Tendo isto em conta, obviamente que a inflação e o seu impacto no poder de compra e consumo dos portugueses representam um desafio a nível do sucesso das nossas operações. É importante, no nosso ponto de vista, proteger os destinos e ter uma estratégia comercial estável e que permita que as operações sejam sustentáveis e de sucesso.
Que números esperam atingir em 2024, ao nível de lugares disponíveis e preço médio, para que destinos?

SL: Na Soltrópico reforçámos a nossa capacidade para todos os nossos destinos charter – Sal, Porto Santo e Saidia, – os quais possuem partidas de Lisboa e Porto. O mesmo também acontece na operação regular que temos para os mais diversos destinos que operamos, desde Brasil a São Tomé ou Maldivas, entre outros. Obviamente que, tal como é transversal a todo o mercado, há um incremento do preço média, sendo que os atuais fatores socioeconómicos são alvo da nossa atenção, alerta e acompanhamento constante, como influenciadores de procura e tendência de consumo.
DG: No caso da Egotravel, acontece o mesmo em termos de destinos, há um reforço da capacidade disponível, há novos destinos, sendo que o preço médio é muito díspar entre destinos e altura do ano. No entanto, temos boas previsões para o ano de 2024 e acreditamos que será mais um ano de crescimento.
Ao nível de Marrocos, qual a evolução da vossa estratégia do ano passado para este ano, na colocação de produto no mercado?
DG: No caso da Egotravel, após o sucesso de Al Hoceima, decidimos voltar neste destino com uma operação dedicada e voo direto para o aeroporto deste destino, o que permite uma experiência de viagem muito menos cansativa para o viajante com um transfere de, aproximadamente, 10 a 15 minutos. Adicionalmente, decidimos apostar no destino Agadir, com uma operação parte-charter dedicada à segunda e sexta-feira, entre 03 de junho e 13 de setembro. Esta operação também nos permite explorar a zona de Taghazout, a norte de Agadir, que possui hotelaria de elevada qualidade e possibilitará também experiência de excelência aos nossos clientes.
Marrocos, ao nível da disponibilização de lugares por parte dos operadores da Newtour, ocupará que lugar? Ou seja, como se prevê o ranking de oferta de lugares ao nível de destinos?
SL: Marrocos terá, em 2024, a maior oferta de sempre por operadores da Newtour, com sete voos semanais, o que transforma o destino no principal destino conjunto de operações charter em 2024. Também apostaremos na maior acessibilidade com ligações desde Portugal Continental (Faro e Porto) e Ilhas (São Miguel, Madeira e Terceira), permitindo-nos amplificar e criar maior diversidade de produto para o destino.
Qual o investimento do Governo de Marrocos nas vossas operações, que vertentes é que implica, que objetivos estão definidos?
DG: Obviamente que o apoio que o Turismo de Marrocos, seja em termos de marketing, seja em termos de proximidade, nos disponibiliza é fundamental para conseguimos trabalharmos mais e melhor o destino. No entanto, a nossa aposta também é resultado do potencial que vemos no destino, seja pela qualidade do mesmo, seja pela sua aceitação pelos turistas nacionais. Os objetivos a que nos propomos em 2024 são os nossos objetivos mais ambiciosos de sempre e, portanto, é com satisfação que este trabalho conjunto com o Turismo de Marrocos, mas também com a TAP Air Portugal, nos permite levar mais portugueses para o destino.
Quantos turistas nacionais levaram o ano passado a Marrocos? Quais as expectativas para este ano?
SL: O ano passado, em conjunto, levámos mais 3000 passageiros até Marrocos. Para 2024, a nossa expectativa é um crescimento de 100%, ultrapassando os 6000 passageiros.
Por Inês Gromicho